Versão Feminina

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Coisa para mulheres, tamb?m! Elas mostram que a mulher ? t?o profissional quanto os homens em qualquer ?rea. Profiss?es que antes eram maioria masculina t?m mulheres no comando

S?lvia Zoche
Rep?rter
02/08/06

A psic?loga e consultora em RH, Aline Salles Rocha, fala sobre a quest?o dos paradigmas profissionais entre homens e mulheres. Clique no ?cone ao lado e veja.



Houve um tempo em que falar sobre algumas profiss?es, como motorista de t?xi, de ?nibus, frentistas, detetives, remetia imediatamente ? figura masculina. Mas, hoje, as coisas mudaram, mesmo que a nova situa??o provoque a admira??o em algumas pessoas.

Quem fizer o trajeto no ?nibus urbano Bom Pastor ou Rio Branco, em Juiz de Fora, por exemplo, pode dar de cara com uma motorista na hora de desembarcar. Vera Marques Bastos (foto abaixo) trabalha na mesma empresa h? 18 anos, mas garante que ainda causa "espanto" em alguns passageiros, j? que ela ainda ? a ?nica mulher que segue esta profiss?o na cidade. "A linha ? do centro, meu itiner?rio dura 48 minutos e tem bastante ?nibus. Muitas pessoas nunca me viram trabalhando", diz.

O amor pela profiss?o teve influ?ncia na inf?ncia. Vera ? filha de caminhoneiro e ia com o pai e a irm? nas entregas de mercadorias em fazendas. "Abrir as porteiras era uma divers?o para n?s duas", conta. Aos 18 anos de idade, ela tirou a carteira D, que permite conduzir ?nibus e caminh?o. "Na ?poca eu dava aulas de legisla??o trabalhista e datilografia - sou formada em Direito -, mas trabalhava na ca?amba com meu cunhado. Depois que tive que criar meu filho sozinha, resolvi procurar um emprego como motorista de ?nibus, porque pagava bem".

Determinada, ela procurou uma empresa da cidade, mas o patr?o, na ?poca, foi direto e certeiro, dizendo que n?o havia vaga para trocador. "Quando eu disse que eu queria a vaga de motorista ele disse: 'Mas pequenininha desse jeito?'. Pedi para fazer o teste e passei. Isso foi numa sexta e ele pediu para eu voltar na segunda e dizer se havia vaga". Esperou por duas horas e o patr?o pediu para ela voltar para casa... Para trocar a saia por uma cal?a e colocar uma blusa azul. "Tive que comprar uma cal?a, porque s? usava saia, e uma blusa azul p?lo", relata, sorridente. O preconceito foi grande no in?cio, principalmente, entre os colegas. "At? hoje tem", mas a quantidade de pessoas que a ap?iam e a paix?o pelo trabalho s?o maiores. "Amo minha profiss?o".

A detetive particular Gra?a Gomes tamb?m teve influ?ncia paterna na escolha da carreira. "Meu pai era da Pol?cia Federal e meu ex-marido, j? falecido, era da Pol?cia Civil", conta, a caminho de um atendimento de uma cliente. Apesar da discrimina??o, ela gosta o que faz. "Sou investigadora h? 22 anos e adoro o que fa?o".

Com bem menos tempo de profiss?o, a taxista Jane Leila de Ara?jo (foto ao lado) diz que nasceu para ser taxista. Mas a escolha n?o aconteceu do dia para a noite. Ela que trabalho em um banco por 16 anos, resolveu sair em 1997 e se dedicar ? casa e ? fam?lia. "Dois taxistas trabalhavam para mim e a renda era boa". Mas a situa??o finaceira ficou dif?cil depois que separou do marido e teve que criar tr?s filhas. "Pensei em fazer concurso de novo, s? que eu j? estava h? um bom tempo fora do mercado".

Quem ajudou a mostrar o rumo profissional foi sua terapeuta, na ?poca. Depois de conversarem sobre o que ela gostava e n?o gostava na ?rea profissional, a terapeuta cogitou a possibilidade de Jane trabalhar no t?xi, afinal, al?m de ter o t?xi, ela j? possu?a a concess?o desde 1998. "Sempre gostei de dirigir, mas n?o pensava em trabalhar assim. E tamb?m sempre fui t?mida, n?o sabia se daria certo. Mas resolvi encarar", conta.

Em casa, as filhas mais velha e mais nova apoiaram a decis?o, mas a do meio... "Ficou revoltada, ela achava que era mico e at? hoje ainda pensa um pouco assim", ri. A m?e achou a nova profiss?o perigosa e o pai "depois de ver a minha situa??o financeira, deu for?a", conta aos risos.

Antes de come?ar, avisou aos dois taxistas de sua inten??o de assumir o t?xi e que, a princ?pio, pegaria uns dias da semana. "O que trabalhava no turno do dia n?o acreditou muito e disse que eu n?o ag?entaria. Mas a necessidade faz coisas", ressalta. No dia 02 de agosto de 2005, Jane deu seu primeiro passo. "O primeiro dia de trabalho eu pensei que fosse morrer por n?o saber o que ia acontecer. Respirei fundo e cumprimentei os taxistas do ponto". A receptividade foi t?o boa que ela est? firme e forte como taxista h? um ano. "Pensei que este seria um trabalho tempor?rio, mas me encontrei", diz.

Atualmente, Jane ? a ?nica taxista mulher em Juiz de Fora. "Toda vez que entra uma pessoa nova no t?xi, acham legal por eu ser mulher". J? fez muitas amizades e aumentou seu conv?vio social. "Criei amigos mesmo e visito algumas senhoras que s?o minhas clientes. ? muito bom". Hoje ela trabalha de segunda a segunda, mas j? pensa na possibilidade de ter uma folga na semana. "Estou realizada nesta profiss?o", confessa.

A professora Ad?lia Pires (foto ? esquerda) veio para Juiz de Fora e indicada por um amigo tentou uma vaga em um posto de combust?vel para ser frentista. H? tr?s anos na profiss?o, Ad?lia s? ficou apreensiva porque teria que conhecer mais os carros. "Passei por um per?odo de experi?ncia". Parte da fam?lia que ficou na sua cidade de origem, pr?xima a Belo Horizonte, achou interessante a mudan?a de profiss?o. Os parentes em JF acharam normal. "J? tem muita mulher trabalhando como frentista".

No posto mesmo onde Ad?lia trabalha a maioria dos frentistas s?o de mulheres. "Ficamos na pista e no atendimento. A pr?pria clientela gosta, porque a mulher ? mais delicada, j? recebe as pessoas com sorriso. Claro que tudo de uma forma super profissional", enfatiza.

Mercado para homens e mulheres
Algumas empresas recorrem ao trabalho de consultoria em Recursos Humanos para ajudarem na escolha de seus funcion?rios. De acordo com a psic?loga e consultora em RH, Aline Salles Rocha (foto abaixo), n?o existe resist?ncia ao trabalho feminino como antes. "Claro que h? empresas que pedem que o cargo seja preenchido por homens, mas temos um caso de pedirem sempre para recrutarmos mulheres tamb?m", diz.

Mas Aline deixa claro que as ocorr?ncias variam de empresa para empresa e tamb?m da cultura organizacional. "N?o podemos ficar engessados e desperdi?ar um talento s? porque ? uma mulher e a vaga pedia homem. Se a empresa ? flex?vel, fica mais f?cil mostrar que vale investir no profissional. E, hoje em dia, a maior oferta de m?o-de-obra feminina, porque nasce um n?mero maior de mulheres".

Um exemplo que Aline nem discute ? uma vaga que foi aberta para motorista de caminh?o, mas que tenha que descarregar carga. "A exig?ncia ? que seja homem e neste caso nem discutimos, porque ? perigosos e ? preciso um esfor?o f?sico", diz. Outra coisa que limita as mulheres a trabalhar em algumas empresas ? ter filho pequeno, de at? quatro anos. "S?o poucas empresas que pensam assim". ? que existe a possibilidade da mulher n?o conseguir equilibrar os setores da vida. "Teve o caso de uma empresa que n?o contrataria mulheres com filhos pequenos ou que pretendessem engravidar. A candidata aprovada ficou sabendo que estava gr?vida um m?s depois que foi contratada. Mas como ela se mostrou equilibrada e uma excelente profissional, a empresa continua com ela at? hoje. H? casos e casos, sempre", exemplifica.

Em qualquer ?rea, o interessante ? dedicar-se com vontade e prazer em fazer bem, mantendo em harmonia a vida pessoal e a profisisonal, independente de sexo, ra?a ou credo.