Lendas e encantarias: cultura paraense expressa na obra de Dona Onete
No álbum Rebujo, de 2019, Dona Onete traz a canção Balanço do Açaí, em homenagem à palmeira símbolo da região amazônica que produz o fruto arroxeado, popularizado no país. Consumido em forma de pirão, suco ou sorvete, o açaí tornou-se parte fundamental da cultura alimentar brasileira.
Além da flora amazônica, a letra também enaltece a fauna brasileira, trazendo pássaros de diferentes regiões do país - o sabiá, a juriti, o rouxinol (como é chamado o corrupião aqui no Brasil, por exemplo), o bem-te-vi, a iraúna e o suí - que fazem uma sinfonia na palmeira do açaí.
Na raiz da açaizeira, aparecem também as formigas tucandeira e tracuá, ambas com ferrões que podem causar fortes dores nas vítimas de sua picada.
A música do álbum Banzeiro, de 2016, conta a história do namoro entre uma garça namoradeira e um urubu malandro. O encontro entre os personagens acontece na doca do Mercado Ver-o-Peso, “no meio do pitiú”, expressão que, segundo o */
Já a Jamburana faz parte do primeiro álbum da artista, Feitiço Cabloco, de 2013. O jambu, de acordo com o site da Prefeitura de Belém, é uma “planta cultivada na região norte do país, onde é utilizada como condimento culinário amazônico, principalmente para preparar o famoso ‘molho de tucupi’. As folhas e flores quando mastigadas dão uma sensação de formigamento nos lábios e na língua devido sua ação anestésica local, sendo por isso usada para dor de dente como anestésico e como estimulante do apetite”. É por isso que, na música de Dona Onete, o jambu "treme, vai descendo, vem subindo", “chega até o céu da boca” e “a boca fica muito louca”.
Na letra, a artista cita diversos pratos típicos da culinária paraense que tem o jambu em seu preparo, como o pato no tucupi, o tacacá, o arroz paraense, a caldeirada no Pará e, até mesmo, o vatapá e o caruru, pratos típicos da culinária baiana que, na versão paraense, são “enfeitados” com jambu.
* Colaborou Sarah Quines, repórter da TV Brasil