Secretário de Segurança do RJ afirma que operação contra o crime é permanente

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (10), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, afirmou que o estado vai manter uma operação permanente de combate ao crime organizado, seguindo o que foi feito na operação nos complexos do Alemão e da Penha na qual morreram 121 pessoas.

Santos destaca que estão programadas outras dez operações semelhantes, e fez uma promessa: "Não vai haver território no Rio de Janeiro onde as forças policiais não vão deixar de entrar."

Para isso, ele voltou a afirmar que o foco principal das forças de segurança pública atualmente é minar as finanças das facções e não mirar os líderes, como era feito anteriormente. Desta forma, ele destaca, seria possível a retomada gradativa dos territórios que são dominados pelas organizações, ponto este considerado o principal para ele.

Ele cita que são 1.900 comunidades no estado, o que significa que 22% da população moram em favelas e são influenciadas diretamente pelas organizações criminosas.

"Esse projeto é o que a gente acredita que vá resolver o problema, o de retomada do território. É o cumprimento de uma determinação judicial quando apresentarmos o plano estratégico de retomada de território. E o principal, com a participação popular. Nenhum projeto pode ser imposto à comunidade", diz o secretário, destacando que a retomada do território não cabe somente ao estado, mas sim de um trabalho conjunto dos governos municipal, estadual e federal.

"A integração entre as forças é como a gente vai ter um resultado melhor", diz o titular da pasta do governo Cláudio Castro (PL).

Outro ponto abordado por Santos é a classificação das facções na Lei Anterrorismo, que foi criada com vistas à disputa da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Ele defende que existam as duas possibilidades de os criminosos serem enquadrados: pelo crime organizado e também pelo terrorismo.

"Havia a necessidade de legislação que punisse o terrorismo na Olimpíada. Hoje acho que é diferente, o que as facções fazem na comunidade são atrocidades. O território é meu, as meninas que são chamadas de marmitas e as famílias ficam desesperadas. O que atuam de forma cruel nessas comunidades... Não é transformar o Comando Vermelho em organização terrorista, são coisas distintas."

E para que as operações tenham resultado, Santos diz que o terrorismo deve continuar sendo combatido pela Polícia Federal e julgado pela Justiça Federal. "Então, não muda nada. Se for juntar as duas isso causa confusão."

Citando a história da Itália no combate à máfia, o secretário diz que a decisão do que é terrorismo ou não deve ser tomada pelo Congresso Nacional.

"Milícia armada é um crime. Se avançar atentando contra o Estado democrático de Direito, gerando barbárie, tem que ser avaliado. E a discussão tem de ser justamente lá no Congresso Nacional. Não podemos querer transformar tudo em terrorismo."

Por fim, ele afirmou que todos os pedidos feitos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em relação à megaoperação serão realizados. "Já foi conversado na reunião com o ministro que alguns documentos não foram enviados porque os laudos estavam sendo confeccionados. Mas vamos enviar no prazo que foi definido."