Inédito, tubarão laranja encontrado por pescadores tem anomalias raríssimas

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um encontro inesperado nas águas do Caribe levou cientistas a registrarem o primeiro tubarão-lixa de coloração laranja já documentado no mundo.

O animal foi capturado por pescadores esportivos na costa da Costa Rica. Era uma área próxima ao Parque Nacional Tortuguero. O animal logo foi devolvido ao mar após ser fotografado.

O exemplar, um Ginglymostoma cirratum, media cerca de dois metros. Além disso, nadava a 37 metros de profundidade, segundo artigo publicado em agosto de 2025 na revista Marine Biodiversity, da Springer Nature.

"O espécime apresentou pigmentação amarelo-alaranjada intensa e olhos brancos, indicando uma condição conhecida como albino-xantocromismo", diz estudo publicado na Marine Biodiversity.

DUAS CONDIÇÕES RARÍSSIMAS

O fenômeno chamou atenção porque o tubarão apresentava duas anomalias genéticas simultâneas: xantismo e albinismo. O xantismo é caracterizado pelo aumento dos pigmentos amarelos na pele. Já o albinismo ocorre pela falta de melanina. A combinação das duas condições resulta em um tom laranja vibrante e olhos sem íris aparentes.

"Não conseguimos acreditar no que tínhamos diante dos olhos. Aquele tubarão laranja, brilhando sob a luz do sol, era algo fora do comum. Não imaginávamos que se tornaria uma descoberta reconhecida por biólogos do mundo inteiro", disse Garvin Watson, pescador, em entrevista à Live Science.

De acordo com os cientistas, essa é a primeira vez que um tubarão-lixa com xantismo é registrado na história. O estudo destaca ainda que o caso foi observado em uma água de 31,2°C, o que levanta hipóteses sobre a influência ambiental no surgimento da pigmentação.

PESQUISA BRASILEIRA ENVOLVIDA

A pesquisa tem participação brasileira. O trabalho é assinado por Marioxis Macías-Cuyare, doutoranda em oceanografia biológica na Universidade Federal do Rio Grande (Furg). "Ficamos muito surpresos e empolgados ao ver o [xantismo] nas fotos", afirmou a pesquisadora à Live Science.

"Muitos fatores influenciam isso, como o ambiente", diz a pesquisadora. Porém, ela afirma que "tudo ainda é especulativo até que se testem as variáveis que poderiam influenciar essa condição genética".

O estudo também compara o caso com registros anteriores de albinismo, piebaldismo e hipomelanose na mesma espécie. Nenhum, porém, apresentava xantismo total, o que reforça o caráter inédito da descoberta.

Um sobrevivente improvável. O mais intrigante, segundo os cientistas, é que o tubarão atingiu a vida adulta, mesmo sem a camuflagem natural que protege a espécie de predadores. "Essa descoberta sugere que o xantismo não compromete a sobrevivência", destaca o artigo científico publicado na Marine Biodiversity.

Normalmente, tubarões-lixa têm pele marrom-clara e olhos escuros. A coloração laranja deveria representar uma desvantagem, mas o animal parece ter prosperado no ambiente tropical. A equipe agora investiga possíveis fatores genéticos e ambientais que possam ter contribuído para o surgimento dessa pigmentação.