Lula diz que vetos ao PL do licenciamento protegiam agronegócio e critica derrubada
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (4) a derrubada de seus vetos ao PL do licenciamento ambiental, feita pelo Congresso Nacional. Sem os vetos, normas de proteção ambiental foram fragilizadas
"Nós vetamos para proteger o agronegócio. Porque essa mesma gente que vetou, que derrubou meus vetos, quando a China parar de comprar soja, quando a Europa parar de comprar soja, quando alguém parar de comprar nossa carne, parar de comprar nosso algodão, vão vir falar comigo outra vez: 'Presidente, fala com o Xi Jinping, presidente, fala com a União Europeia", declarou Lula.
"Eles sabem que eles estão errados. Eles sabem que nós queremos que a nossa produção seja cada vez maior, mas cada vez mais sustentável e cada vez mais limpa. Eu não quero o mundo limpo para mim. A gente quer o mundo limpo para todo mundo," disse ainda.
As falas foram feitas durante a 6ª reunião plenária do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência).
O órgão responsável por assessorar a presidência da República em decisões do Executivo na elaboração de políticas públicas e diretrizes de governo. Hoje com mais de 240 membros, o colegiado, organizado pelo governo federal, é formado por representantes da sociedade civil e do empresariado.
Criado pelo mesmo Lula em 2003, mas extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a instância serve como uma interlocução entre o governo e a sociedade civil para discutir medidas envolvendo o desenvolvimento do país. O petista reinaugurou o órgão em 2023, ao voltar à Presidência.
Os integrantes do conselho, que inclui empresários, advogados, acadêmicos e sindicalistas, não são remunerados, e participam voluntariamente das discussões. O Conselhão também possui caráter consultivo, ou seja, as reuniões geram recomendações ao presidente, que pode ou não acatá-las.
A programação do encontro desta quarta, realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília, prevê um balanço das atividades desenvolvidas por integrantes do Conselho na COP 30 e uma série de anúncios governamentais.
Dentre eles, a Política Nacional de Conectividade em Rodovias, a apresentação da Lei Geral de Direito Internacional, a Estratégia de Compras Públicas Sustentáveis e o guia de duplicatas escriturais. Outro destaque é a apresentação do "Pilares de um projeto de Nação", documento que reúne pontos estratégicos para o desenvolvimento do país, construído a partir de um diálogo com a sociedade civil. A última atividade será um debate sobre o tema "Brasil justo e soberano: perspectivas para 2026".
Em agosto deste ano, os novos conselheiros tomaram posse. Os mandatos são de dois anos, e a configuração anterior havia vencido em maio. Conforme mostrou a coluna Mônica Bergamo, foram anunciados entre os novos nomes a compor o conselho a atriz Dira Paes, o ex-jogador de futebol Raí, a ativista Txai Suruí, a historiadora Heloísa Starling e a empresária Monique Evelle.
Nomes como o do youtuber Felipe Neto, da historiadora Lilia Schwarcz e da empresária Luiza Trajano foram reconduzidos, termo técnico para aqueles conselheiros que já faziam parte do grupo e tiveram mandato renovado.
