Promotoria investiga desvio de doações enviadas pelos EUA a vítimas de enchentes no RS

Por Folhapress

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Rio Grande do Sul investiga um esquema de desvio de doações e vendas de roupas enviadas dos Estados Unidos para vítimas das enchentes no estado.

O esquema, de acordo com a apuração, seria liderado por uma dona de brechó que também administrava uma ONG de assistência social.

A Operação Ascaris, deflagrada nesta quinta-feira (4), cumpriu oito mandados de busca e apreensão em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul, além de bloquear R$ 2 milhões em contas bancárias. Foram apreendidas 70 caixas contendo roupas, fraldas e itens como escovas de dente e mamadeiras.

São investigadas uma empresa e sete pessoas, sendo três da mesma família. Duas delas ainda foram presas em flagrante pela venda de medicamentos proibidos. A reportagem não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos.

Segundo a Promotoria, o Consulado-Geral do Brasil em Miami recebeu uma denúncia sobre um suposto esquema de venda de roupas enviadas pelos Estados Unidos, incluindo peças de marcas conhecidas, que deveriam ter sido destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O consulado notificou a Defesa Civil estadual, que então acionou o Ministério Público.

O promotor Manoel Figueiredo Antunes, responsável pelo caso, afirmou que há indícios dos crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, todos praticados em contexto de calamidade pública.

Antunes disse também que os investigados chegaram a divulgar ações de solidariedade em suas redes sociais durante as enchentes, e um deles recebeu reconhecimento público pelas iniciativas.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pela operação, também apreendeu documentos e celulares.

O próximo passo da investigação é identificar quantas pessoas participaram do suposto esquema, quanto dinheiro foi movimentado, os valores cobrados pelas peças e eventuais desvios de outras doações.

O Ministério Público disse também aguardar autorização judicial para encaminhar os materiais apreendidos para doação.