Justiça decreta prisão de homem que carregou mulher morta em carrinho de mercado em SP

Por PAULO EDUARDO DIAS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça decretou a prisão temporária de Erick Pereira dos Santos, conhecido como Cicatriz, suspeito de matar Angélica Alves Camargo. O corpo dela foi encontrado dentro de um carrinho de supermercado na madrugada de terça-feira (2), na zona leste de São Paulo. Ele é considerado foragido.

Câmeras de monitoramento flagraram o homem empurrando o carrinho pela rua General Oscar Carvalho, na Vila Formosa.

"A frieza demonstrada por sua conduta -ao transportar pela via pública o corpo de uma mulher já sem vida, utilizando-se de um carrinho- evidencia elevado grau de periculosidade e desprezo pelos mecanismos mínimos de controle social", diz trecho do pedido de prisão feito pelo DHPP (Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa).

O corpo de Angélica foi encontrado por acaso, por um homem que investigava o furto de duas bicicletas. Ele chegou a Cicatriz, que seria morador de rua, e passou a vigiá-lo.

Naquela madrugada o homem entrou em seu Fiat Uno e passou a seguir Cicatriz, que, ao notar a movimentação, fugiu e abandonou o carrinho que empurrava.

Ao se aproximar do carrinho, o homem viu o corpo de uma mulher. A Polícia Militar foi acionada e a ocorrência encaminhada para investigação da Polícia Civil.

O dono de um estabelecimento também foi ouvido, e disse que Cicatriz esteve em seu bar, bebeu duas cervejas e não pagou. Ele saiu do local correndo e deixou para trás uma pochete, onde havia um cachimbo, isqueiro e um sache.

Cicatriz foi reconhecido por foto do sistema policial e por imagens obtidas por meio do Muralha Paulista, sistema de câmeras do governo estadual.

Exames periciais foram requisitados para determinar a causa da morte de Angelica.

RECORDE DE FEMINICÍDIOS

Em 2025, o número feminicídios na capital paulista chegou a 53 casos, o maior da série histórica -o recorde acontece mesmo com dois meses ainda para terminar o ano. Em 2024, foram 51 casos de feminicídio de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.

Os dados reforçam a tendência histórica da violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes -instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.