Marginal Pinheiros ganha dois clubes com piscinas de surfe e mensalidade de até R$ 3.300
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ouvir o barulho das ondas e avistar areia branca cheia de espreguiçadeiras quase fazem parecer que você está na praia, se não fosse o contraste com a paisagem em volta, tomada de arranha-céus que formam o cenário típico da marginal Pinheiros, em São Paulo, onde foram inaugurados dois clubes de surfe.
Com a ponte estaiada de fundo, a piscina do São Paulo Surf Club, que abriu as portas há uma semana, tem 220 metros de extensão e forma ondas de diferentes alturas, formatos, durações e velocidades programadas por uma tecnologia importada dos Estados Unidos.
Sistema semelhante forma mais de 20 tipos de ondas no Beyond the Club, localizado a cerca de 7 quilômetros de distância, no terreno onde funcionou o antigo Hotel Transamérica, fechado durante a pandemia.
Ambas são iniciativas de grandes incorporadoras voltadas ao público de alta renda. Os endereços têm títulos de R$ 820 mil a R$ 1,25 milhão, mensalidades de até R$ 3.300 e sem opção de "day use".
Na esteira da tendência de surfe urbano na capital paulista, o secretário de Esportes da capital, Rogério Lins, anunciou em sua página em uma rede social nesta semana projeto para a criação de uma piscina de ondas no parque a ser criado no Campo de Marte, na zona norte.
O clube de surfe em frente à ponte Estaiada é do grupo JHFS, que irá erguer torres residenciais no terreno com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2026. As 154 unidades terão de 260 a 870 m² e devem ser vendidas a R$ 45 mil o metro quadrado (cerca de R$ 4 milhões a opção mais espaçosa).
No Beyond The Club, a proposta é diferente, segundo Oscar Segall, sócio-fundador da KSM -uma das investidoras do empreendimento que tem o campeão mundial de surfe Gabriel Medina como sócio. A incorporadora Realty Properties e o braço de gestão de ativos do banco BTG Pactual formam o grupo de investidores do clube.
Segundo ele, o empreendimento foi pensado como uma opção de lazer, sem interesses imobiliários. "Eu abandonei a incorporação, foi só o que eu fiz a vida inteira", diz. "Gostei desse negócio de fazer praia, mexe com a emoção das pessoas", continua.
Mesmo assim, a inauguração teve impacto no mercado imobiliário do entorno. De acordo com o empresário, apartamentos de um empreendimento recém-lançado tiveram valorização de até 80%. "São vendidos com vista para o mar."
Do ramo de incorporações e fundador da Klabin Segall, o empresário é idealizador de projeto semelhante em um condomínio de alto padrão em Itupeva, no interior de São Paulo. Ele conta que a ideia de construir uma piscina de surfe foi uma forma de alavancar as vendas das unidades do loteamento, que estavam devagar devido à concorrência no entorno da rodovia dos Bandeirantes.
Além do São Paulo Surf Club, a JHFS tem outro clube de surfe no portfólio, igualmente construído dentro de um condomínio de alto padrão no interior paulista.
A proximidade dos dois clubes de surfe com a avenida Faria Lima é ressaltada por ambos empresários. "A localização é um diferencial", diz Augusto Martins, CEO da JHSF. "É onde está o PIB do país", opina Segall.
Surfista desde os 12 anos, o sócio Dimitrius Nassyrios, 65, é vizinho do Beyond the Club e foi um dos primeiros a adquirir o título. "A ideia é surfar pelo menos três vezes por semana. Virou meu parque de diversões."
Acostumado a fazer viagens bate-volta para o litoral de madrugada para ter o privilégio de praticar o esporte antes do trabalho, ele comemora poder surfar tubos a poucos metros de casa.
De Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, o instrutor de piscina do São Paulo Surf Club usa a palavra "surreal" para descrever a possibilidade de surfar em plena marginal Pinheiros. "Para quem vem do surfe e sabe que não dá para prever o tipo de onda que vem no mar, isso é um paraíso".