Mais de 200 empresas de polo industrial de SP estão sem energia
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Mais de 200 empresas que integram o polo industrial da cidade de São Paulo, na Mooca, zona leste, estão há mais de 24 horas com o fornecimento de energia elétrica interrompido após as fortes chuvas e ventos que atingiram a capital.
O polo é formado por 228 empresas e gera 16 mil empregos diretos. São empresas de diversos segmentos, incluindo da metalurgia, elétrica, plástico, de beneficiamento de vidro e peças agrícolas.
Indústrias são afetadas desde o início da tarde de ontem. Das 228 empresas que formam o polo industrial, apenas cerca de 30% têm geradores, que estão ficando sem combustível. "Agora, praticamente todas estão sem energia. Um caos absurdo, nosso polo está parado", lamentou o presidente do grupo, Anderson Festa.
Associação do polo industrial estima prejuízo diário de R$ 50 milhões. "O prejuízo deve chegar a esse valor a cada 24 horas sem energia. Mas não estão nessa conta os custos com multas por atrasos de fornecimento e horas extras para equalizar a carga de trabalho", disse Festa.
Empresários tentam contato com a Enel, mas a resposta é de que não há prazo para o retorno da energia. Ao longo do polo, os empresários também se queixam de que não há caminhões da concessionária na região para solucionar o problema. "Não tem ninguém resolvendo, nem de forma emergencial", afirmou o presidente do polo industrial da Mooca.
Para Festa, essa é a pior época do ano para enfrentar o problema, já que o mercado está mais aquecido por causa das festas de fim de ano. "Estamos com caminhões lotados de insumos parados para descarregar e não conseguimos. Isso vai afetar toda a cadeia do comércio, porque se o distribuidor não é atendido, ele não consegue vender para o atacado e varejo, situação caótica", lamentou.
GRANDE SP TEM 1,3 MILHÃO DE IMÓVEIS SEM LUZ
Até esta quarta-feira à noite, eram 2,2 milhões de clientes sem energia. De acordo com dados da Enel, atualizados por volta das 13h de hoje, esse número diminuiu para 1,3 milhão. Equipes técnicas teriam trabalhado durante a madrugada para resolver a situação.
Só na capital paulista, são mais de 900 mil unidades consumidoras sem o serviço. Isso significa que cerca de 16% da cidade segue afetada, uma vez que a concessionária atende 5,8 milhões de imóveis no território.
A presença do ciclone no litoral do Rio Grande do Sul deve continuar interferindo no clima em São Paulo. Não há previsão de chuvas significativas sobre o estado e a tendência é que as temperaturas se elevem ao longo do dia. Na faixa leste, as temperaturas máximas variam entre 26°C e 30°C e, no restante, variam entre 30°C e 34°C.
Quatro pessoas ficaram feridas na capital, segundo a Defesa Civil estadual. As vítimas sofreram apenas ferimentos leves após queda de árvores ou de galhos.
Morte em Campos do Jordão, no interior do estado. A Defesa Civil municipal confirmou que a morte se deu após o desabamento de um imóvel por conta da ventania.
ANEEL NOTIFICA ENEL
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) notificou a Enel na tarde de ontem e pediu esclarecimentos sobre o apagão. Segundo a agência, a concessionária já sabia da formação do ciclone extratropical que impulsionou a ventania, mas mesmo assim milhões ficaram sem luz. Em nota, o órgão afirmou que a reincidência e a gravidade das falhas podem configurar descumprimento contratual e levar até à recomendação de caducidade da concessão.
A Enel informou que a área de concessão foi afetada por fortes rajadas de vento. Por causa disso, em alguns pontos a rede elétrica é atingida por objetos e galhos, o que prejudica o fornecimento, além da queda de árvores. Em caso de falta de luz, a companhia orienta que os clientes priorizem os canais digitais para agilizar o atendimento.
