PF aponta possível origem ilícita de R$ 91.500 apreendidos com Bacellar no RJ
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Procuradoria-Geral da República afirmou que a Polícia Federal apontou possível origem ilícita do dinheiro apreendido com o então presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), Rodrigo Bacellar (União), no dia da sua prisão.
A quantia de R$ 91.500 estava na mochila do parlamentar, que a deixou dentro do carro ao se dirigir à Polícia Federal, após ser chamado pelo superintendente para tomar um café -ocasião em que foi preso. A estratégia foi usada pela polícia para evitar a espetacularização da prisão. Sem saber que seria preso, Bacellar levou os celulares e deixou o dinheiro no veículo.
Em documento no qual opina sobre o pedido de prisão do juiz federal Macário Ramos Júdice Neto, o procurador Paulo Gonet afirma que, na análise das mensagens dos celulares de Bacellar, foi encontrado um diálogo com o seu irmão, identificado como Nelson da Silva Bacellar, na véspera da prisão do deputado.
Na conversa, Nelsinho, como é chamado, menciona ter "pegado o rancho" e que iria colocar "naquele bar lá atrás". Segundo Gonet, o diálogo pode "sugerir movimentação de valores". De acordo com a Procuradoria, a representação da PF aponta, assim, a "possível origem ilícita do montante de R$ 91.500 apreendido na posse de Rodrigo Bacellar".
Indagado em depoimento sobre a origem do dinheiro, Bacellar disse que iria se manifestar na Justiça. A reportagem não localizou a defesa de Nelson.
Macário foi preso nesta terça-feira (16) sob suspeita de irregularidades envolvendo a condução do caso do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, TH Joias, que responde por suposta ligação com o Comando Vermelho. O magistrado, relator do caso, teria avisado Bacellar da operação que, por sua vez, teria comunicado TH. As defesas negam.
DIÁLOGO COM CANTOR BELO
Nelson também é mencionado pelo cantor Belo em conversa apreendida em um dos celulares de Bacellar. Os diálogos foram usados para mostrar a proximidade entre Macário e o mesmo círculo pessoal do deputado.
Em 6 de agosto deste ano, Belo iniciou uma troca de mensagen dizendo "Eu te amo" e "Mesmo vc [sic] me abandonando". Bacellar respondeu de forma semelhante, afirmando "Nuncaaaaa".
A conversa seguiu para planos para o final de semana, com Bacellar indicando que visitaria "papai" no domingo e pedindo para ser avisado caso Belo chegasse mais cedo. O cantor confirmou sua presença, informando que jantaria com Nelsinho (irmão do investigado) e papai no domingo.
No decorrer das mensagens, Bacellar tranquiliza o cantor dizendo: "Vai acontecer muita coisa ainda e fica tranquilo, estamos mais firmes que nunca". Eles combinaram um encontro para a quinta-feira seguinte, data em que o artista estaria de folga das gravações de novela.
Em seguida, Belo enviou uma foto com o juiz federal Macário, informando: "Estou com Macario aqui. Encontrei no shopping" e se referiu ao magistrado como "nosso desembargador".
Procurado, Belo afirmou que tem amizade com Bacellar há mais de 20 anos, desde a época em que ele tinha uma rádio em Campos. "Essa relação sempre foi de amizade, construída ao longo do tempo, sem qualquer outro tipo de envolvimento. Rodrigo foi uma das pessoas que ajudou a impulsionar o segmento do Samba e Pagode no interior do Rio de Janeiro".
"Em relação ao desembargador, eu o conheço por ele ser meu fã", acrescentou. Belo também reforçou que mantém respeito pelo poder público. "Minha trajetória profissional, pautada pela ética e pelo reconhecimento do público, não envolve nenhum fato além do que foi esclarecido", disse.
