Novo teste pode detectar o Alzheimer antes do aparecimento dos sintomas

Por Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um teste experimental pode permitir o diagnóstico do Alzheimer antes mesmo do aparecimento de falhas de memória ou outros sinais clínicos da doença.

A estratégia analisa alterações no metabolismo do cérebro. Os estudos, promovidos pela Universidade do Norte do Arizona (NAU), indicam que o Alzheimer começa a se instalar no cérebro muitos anos antes de o paciente perceber qualquer dificuldade cognitiva. Quando o diagnóstico finalmente ocorre, o processo neurodegenerativo já está avançado. Por isso, identificar sinais biológicos precoces é considerado um dos maiores desafios e promessas no combate à doença.

O foco da pesquisa está na forma como o cérebro utiliza a glicose, o principal combustível para funções como memória, raciocínio, emoções e movimento. Alterações nesse metabolismo costumam aparecer nas fases iniciais do Alzheimer, mas sempre foram difíceis de medir de forma simples e acessível.

Tradicionalmente, avaliar esse processo exigia métodos invasivos ou exames complexos, pouco viáveis fora de ambientes altamente especializados. A nova proposta busca contornar essa limitação ao rastrear sinais indiretos da atividade cerebral no sangue.

COMO FUNCIONA A NOVA ESTRATÉGIA

Em experimentos anteriores, os pesquisadores utilizaram insulina administrada por via nasal, técnica que facilita a chegada da substância ao cérebro. A partir dessa intervenção, foi possível identificar marcadores biológicos associados à melhora da comunicação entre neurônios.

A equipe agora tenta detectar esses mesmos sinais em microvesículas -partículas microscópicas liberadas pelas células e que circulam na corrente sanguínea. Essas estruturas funcionariam como "mensageiras", carregando informações sobre o que está acontecendo no cérebro, sem a necessidade de procedimentos invasivos.

ANTES DOS SINTOMAS APARECEREM

A expectativa é que o método permita identificar alterações metabólicas cerebrais ainda na fase silenciosa da doença, quando o paciente não apresenta sintomas. Isso abriria caminho para um acompanhamento mais precoce e para intervenções que possam retardar a progressão do Alzheimer.

O método está sendo testado em voluntários saudáveis para validar sua eficácia. O próximo passo será comparar os resultados com pessoas que apresentam comprometimento cognitivo leve, condição frequentemente associada ao início do Alzheimer, e com pacientes já diagnosticados.