Operação mira grupo que invadia banco de dados para livrar membros do Comando Vermelho de prisão
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um grupo suspeito de invadir sistemas de mandados de prisão e alterar as informações para beneficiar integrantes do Comando Vermelho é alvo de uma operação na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (18).
Estão sendo cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão no estado e em Minas Gerais. Até o momento, duas pessoas foram presas. A investigação é da 126 ªDP (Cabo Frio).
De acordo com a polícia, em julho deste ano agentes identificaram que criminosos ofereciam a exclusão de mandados de prisão do sistema do Tribunal de Justiça mediante pagamento de R$ 3.000. As divulgações do esquema traziam referências explícitas ao Comando Vermelho, direcionando o "serviço" a integrantes da facção.
O esquema era feito por hackers que utilizavam VPN e credenciais furtadas de servidores do Judiciário para acessar o BNMP (Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões). Como não era possível excluir os mandados, os criminosos alteravam dados que permitiam a localização da ordem judicial. Assim, ao consultar o sistema com o nome correto, policiais não encontravam o registro, gerando a falsa impressão de inexistência do mandado.
Ainda segundo a investigação, os criminosos também ameaçavam os contratantes, afirmando que, caso o pagamento não fosse efetuado, seriam emitidos novos mandados de prisão contra eles.
Segundo a polícia, a investigação identificou primeiramente os responsáveis pela divulgação dos anúncios nas redes sociais. Em seguida, passou a "seguir o fluxo financeiro" e chegou aos demais envolvidos.
A namorada de um dos suspeitos, ainda de acordo com a polícia, recebia em sua conta bancária o valor arrecadado pela quadrilha e, por meio da movimentação bancária foi possível identificar um "intercâmbio financeiro" com outros suspeitos de Minas Gerais e localizar o líder do esquema.
O criminoso já trabalhou em empresas de certificados digitais e conseguiu apagar um mandado de prisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ao perceber o êxito, passou a oferecer os serviços a terceiros. O homem havia sido preso por agentes da 36ª DP (Santa Cruz) em setembro deste ano, por violação do segredo profissional, associação criminosa e estelionato.
Até o momento, as investigações não indicam envolvimento direto de servidores públicos. Segundo os agentes, esses profissionais teriam sido vítimas do roubo de dados de login e senha.
