Florianópolis diz que ataque de capivara foi 'pontual'

Por LUANA TAKAHASHI

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Após uma mulher ser atacada por uma capivara na lagoa da Praia da Lagoinha do Leste, a Prefeitura de Florianópolis afirmou que o episódio foi considerado "pontual" e não representa o padrão de comportamento desses animais.

A Fundação Municipal do Meio Ambiente argumentou que o animal teve uma "reação defensiva". Segundo o órgão, a capivara teria sido surpreendida pela mulher dentro da água, que é o ambiente utilizado como refúgio e área de reprodução.

Capital diz que não foi um "ataque intencional ou comportamento predatório". Em nota, a direção do município explicou que esse não é um padrão das capivaras -animais silvestres, que andam em bando e com hábitos herbívoros.

Não há registros oficiais de capivaras na Lagoinha do Leste, mas moradores relatam a presença delas há quase 10 anos. "O Projeto Fauna Floripa possui dados sobre mamíferos em outras Unidades de Conservação municipais, mas não há registros específicos de capivaras nem informações consolidadas para a Lagoinha do Leste até o momento", pontuou.

Florianópolis diz que a população desses animais não é um problema e que não há necessidade de remanejamento delas para outros ambientes. Para a cidade, a principal forma de prevenção é a "convivência responsável, com base na informação e no respeito à fauna silvestre".

Quais são as orientações? Manter distância mínima de 10 metros, não se aproximar, não tocar, não alimentar e evitar entrar na água quando houver capivaras ou outros animais silvestres nas proximidades, além de redobrar a atenção com cães. "Em caso de qualquer acidente envolvendo animais silvestres, a recomendação é procurar imediatamente atendimento médico", alertou a Fundação.

A psicóloga e escritora Fabiana Lenz, 32, sofreu mordidas profundas no abdômen, nádegas e braço. Ela estava no segundo dia de um acampamento que faz anualmente no local desde 2020, e queria dar um último mergulho antes de ir embora. O acidente ocorreu no dia 8 de dezembro.

Capivara atacou a mulher pela barriga dentro da água. "Quando eu dei com a água na altura do peito, recebo um soco assim debaixo da água muito forte, um rasgo assim que me doeu demais, que no primeiro instante eu não entendi nada. Achei que tinha batido num tronco, uma dor violenta", relembrou ao UOL.

Fabiana acredita que o ataque tenha durado oito segundos, até o companheiro intervir na situação. Ao ouvir os gritos desesperados da mulher, o homem entrou na água e conseguiu puxá-la por trás até que o animal selvagem a soltasse. "Foi muito rápido, e já bastante sério nesse pouco tempo de ataque", falou a psicóloga.

Mulher precisou ser retirada do local por helicóptero do Corpo de Bombeiros. Ela foi levada ao Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani, onde realizou os primeiros procedimentos cirúrgicos e foi liberada no mesmo dia para se recuperar em casa -mas com acompanhamento médico.

Por menos de um milímetro, ela conta não ter tido o intestino perfurado. A mordida nas nádegas, por sua vez, foi a mais grave: "Ela conseguiu entrar por baixo da minha perna e arrancar um pedaço da minha nádega. Teve como reconstituir porque a parte interna do tecido perdeu um pouco, mas em questão de pele, ela não conseguiu arrancar".

Fabiana recebeu vacinas antirrábicas e segue em repouso total, com mobilidade reduzida. Segundo ela, as suturas realizadas também não puderam ser completamente fechadas pelos médicos devido ao estrago causado e para que alguma possível infecção fosse liberada pelo corpo ao longo dos primeiros dias.