Lançamento de foguete orbital em Alcântara é adiado pela 3º vez

Por ERNESTO BATISTA

SÃO LUÍS, MA (FOLHAPRESS) - O lançamento do foguete Hanbit-Nano a partir do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão, foi adiado pela terceira vez. Uma nova tentativa foi agendada para o próximo domingo (21).

Na missão batizada de Spaceward e conduzida pela FAB (Força Aérea Brasileira) em parceria com a AEB (Agência Espacial Brasileira), a sul-coreana Innospace tem como objetivo pôr o veículo em órbita. A operação reúne em torno de 400 profissionais, brasileiros e sul-coreanos.

Se o voo ocorrer, será o primeiro lançamento de satélites à órbita terrestre feito a partir do território brasileiro.

O adiamento desta sexta-feira (19) é o terceiro da série. Originalmente, o voo estava previsto para 22 de novembro, porém acabou transferido para 17 de dezembro. Segundo a FAB, a extensão do prazo permitiria a realização de novos teste de segurança.

Depois, a data tornou a ser alterada em razão de uma anomalia identificada durante as inspeções finais. A Innospace disse que seria preciso substituir um componente na unidade de refrigeração do sistema de alimentação de oxidante do primeiro estágio.

O voo desta sexta estava marcado para as 15h34. Depois, ao longo da tarde, o horário foi sendo empurrado algumas vezes, até que houve o anúncio de que não ocorreria mais. Em um dado momento, a empresa sul-coreana afirmou ter sido necessário adotar ações corretivas no sistema de fornecimento de energia no local.

Quando for lançado, o foguete levará oito cargas úteis, desenvolvidas por entidades do Brasil e da Índia, com massa somada de 22 kg. E, se tudo correr bem, elas devem ser colocadas em uma órbita terrestre baixa com 300 quilômetros de altitude e inclinação de 40 graus.

O veículo tem 22 metros de altura, pesa 30 toneladas, pode atingir cerca de 30 mil quilômetros por hora e começou a ser desenvolvido em 2023, quando o protótipo foi testado no CLA durante a operação Astrolábio.

HISTÓRICO DE ALCÂNTARA

O CLA, instalação operada pela FAB, serve como principal plataforma para lançamentos espaciais no país.

Foi lá que aconteceram as três tentativas de lançamento do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), em 1997, 1999 e 2003 -todas malogradas, a última delas antes mesmo da decolagem, com um incêndio catastrófico que matou 21 técnicos e engenheiros do programa espacial brasileiro e acabou dando fim prematuro ao projeto.

Desde então, o CLA só tem servido a lançamentos suborbitais, principalmente com o foguete de sondagem VSB-30, desenvolvido pelo IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) em parceria com a DLR (agência espacial alemã).

O último lançamento desse veículo em Alcântara aconteceu em 2022. O veículo também serve a missões realizadas a partir do centro Espacial de Esrange, na Suécia, a última delas conduzida no ano passado.