Toffoli manda soltar ex-diretor da PF e outros três presos em investigação sobre mineração
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli decidiu nesta sexta-feira (19) soltar um ex-diretor da PF (Polícia Federal) e mais três pessoas que haviam sido presas em setembro em operação contra supostos crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro em Minas Gerais.
Rodrigo de Melo Teixeira, foi diretor de Polícia Administrativa da PF no início do governo Lula. Os outros três são o ex-deputado estadual de Minas Gerais João Alberto Paixãro Lages e Helder Adriano de Freitas e Alan Cavalcante do Nascimento, apontados como articuladores do esquema.
Toffoli determinou que as prisões fossem substituídas por monitoramento dos investigados por meio de tornozeleiras eletrônicas. O ministro também decidiu que eles terão de entregar seus passaportes, não poderão deixar a comarca onde residem e nem sair à noite.
O grupo havia sido preso em 17 de setembro na Operação Rejeito. A investigação aponta que Teixeira teria negociado direitos minerários com uma organização criminosa com atuação em Minas Gerais.
O grupo teria obtido lucro de R$ 1,5 bilhão, além de ter projetos em andamento com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões, de acordo com a investigação.
Segundo a PF, Teixeira é visto como "peça central" na organização suposta criminosa, participando da gestão de empresas que atuavam na área de mineração, embora não tivesse participação formal nas sociedades.
Na ocasião, a defesa do ex-diretor da PF afirmou que devido ao seu perfil político, outros integrantes da Polícia Federal criaram desavenças com Teixeira, e que não havia motivo para a sua prisão. Também disseram que o pedido de prisão não mostrou qualquer fato concreto de que o investigado tenha interferido em alguma investigação da PF.
Em 2018, Teixeira assumiu a superintendência da PF em Minas Gerais. Ele estava no cargo quando o ex-presidente Jair Bolsonaro levou uma facada durante evento político em Juiz de Fora (MG) e comandou a regional mineira durante as investigações do atentado. Também ocupava o posto quando houve o desastre de Brumadinho.
Teixeira ainda foi secretário municipal de Segurança e Prevenção de Belo Horizonte, cidade comandada na época pelo ex-prefeito Alexandre Kalil, então aliado do ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira. A chapa do PSD em Minas Gerais em 2022 tinha Kalil como governador.
Teixeira também participou como secretário-adjunto na área ambiental de Defesa Social e foi presidente da Feam na gestão estadual de Fernando Pimentel (PT), de 2015 a 2018.
Há indícios, segundo a PF, de que Teixeira teria ocultado a propriedade de empresas, feito atos de corrupção e de obstrução de Justiça, além de integrar organização criminosa.
"As interceptações telemáticas indicam que ele é administrador de fato da sociedade empresarial Gmais Ambiental Ltda., constituída em mar.2021, quando ocupava o cargo de Secretário Municipal Adjunto na Prefeitura de Belo Horizonte, e dela se vale para perceber frutos da exploração minerária decorrente de outros ilícitos do grupo. Também é administrador de fato da sociedade Brava", diz a decisão que determinou a prisão.
Teixeira também exerceu influência, segundo as investigações, dentro da Polícia Federal na condução de inquéritos relacionados a mineração.
