PF investiga suposto desvio milionário de verbas para hospitais municipais em RS e SP

Por Folhapress

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal investiga um possível esquema milionário de desvio de dinheiro voltado a hospitais públicos nas cidades de Jaguari, no Rio Grande do Sul, e de Embu das Artes, na Grande São Paulo. Além disso, apura-se se houve fraude de licitação.

Iniciado em janeiro de 2024, o inquérito indica que um grupo de empresários de Porto Alegre assumiu a gestão dos hospitais municipais dessas duas cidades e que essas instituições receberam mais de R$ 340 milhões em recursos públicos entre 2022 e agosto de 2025.

Em novembro deste ano, como parte da apuração, houve o bloqueio de R$ 22,5 milhões em contas, além de imóveis e outros bens. No mesmo mês, os policiais desencadearam uma operação relacionada ao caso.

Procuradas desde a última segunda-feira (22) por email e telefone, as prefeituras de Jaguari e Embu das Artes não responderam.

Ainda segundo a PF, as investigações apontam o uso de empresas de fachada para emitir notas fiscais e ocultar a destinação dos recursos. Esse dinheiro circularia, então, em dezenas de contas de pessoas físicas e jurídicas sem qualquer vínculo com os serviços contratados.

A corporação diz ter identificado desvios feitos diretamente nas contas-convênio. Os recursos desviados teriam sido utilizados para pagamentos de despesas pessoais, como aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens de luxo e aquisição de bens particulares.

Um dos alvos da investigação é a Campi, responsável pelo acolhimento de 93 adultos deficiência intelectual no Rio Grande do Sul. A empresa é suspeita de ter participado de uma fraude em uma licitação de R$ 26 milhões do governo gaúcho, segundo reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.

Um relatório da PF aponta que os investigados tiveram acesso a informações privilegiadas durante a realização do pregão eletrônico na Fundação de Proteção Especial (FPE), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul.

A pasta disse à Folha que a Campi é fiscalizada mensalmente pelas equipes técnicas da FPE e que nenhuma irregularidade foi encontrada até o momento. Afirmou ainda que o termo de referência que baseou a contratação da empresa foi elaborado por um grupo de trabalho formado por diversos órgãos, em discussões feitas entre 2018 e 2023, e que até o momento a fundação não recebeu notificação pelos órgãos de investigação.

"A Central de Licitações do Estado (Celic), que conduziu a licitação, destaca que toda e qualquer conduta que tenha por objetivo frustrar o caráter competitivo de processos licitatórios deve ser rigorosamente apurada pelos órgãos competentes e se coloca à disposição para ajudar nesse processo", disse a secretaria, em nota.

Procurada pela reportagem, a Campi não respondeu.