Coworking: empresas trabalham juntas e se unem para fugir da crise

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Coworking: empresas trabalham juntas e se unem para fugir da crise

Coworking: empresas trabalham juntas e se unem para fugir da crise

Em busca de networking e baixos custos, micro e pequenas empresas aderem ao modelo de escritório compartilhado

Lucas Soares
Repórter
1º/08/2015

Imagine-se trabalhando em uma sala com várias outras empresas, criando uma rede de contatos única e diminuindo os custos operacionais, pois o rateio das despesas é feito de forma igualitária para quem aluga uma estação de trabalho. Essa é a proposta do coworking, termo inglês utilizado para se referir ao escritório compartilhado, que vem se tornando uma alternativa para driblar a crise econômica brasileira e crescer a própria empresa.

Segundo dados pelo portal Ekonomio, em parceria com B4i e Coworking Brasil, em janeiro de 2015, existiam 238 espaços de coworking ativos no Brasil, sendo 23 em Minas Gerais, o segundo estado com maior número de empresas que optam por este modelo de trabalho, ficando atrás apenas de São Paulo. Um destes espaços está localizado em Juiz de Fora: o 3255 Coworking.

O coordenador do 3255 Coworking, André Medina (foto acima, ao centro), explica como funciona o modelo. "É quando diversas empresas utilizam o mesmo ambiente de trabalho. Nós temos empresas de várias áreas, trabalhando uma ao lado da outra, favorecendo o networking. Todos têm acesso à nossa infraestrutura: internet em alta velocidade, mobiliário, secretária, faxineira, luz, água, tudo incluso no pacote que é vendido mensalmente. Nós locamos por dia também, ou por mês, sem a burocracia de fazer um contrato de aluguel, contratar funcionários, comprar mobiliário. O legal do ambiente é este: não preciso me restringir a comprar um imóvel ou ter um contrato de longo prazo, aqui trabalha-se de acordo com a demanda do cliente", diz.

Medina revela que um dos principais motivos de trazer o modelo de trabalho para Juiz de Fora foi para desmistificar a fala de que nada acontece na cidade. "A gente sabe que é preciso um ambiente assim na cidade, para profissionais freelancers, por exemplo, e termos uma estrutura mais em conta. Nós chegamos aqui no ano passado e este ano aconteceu a expansão. Já estamos com a ideia de dobrar a capacidade. Não ouvi ninguém falando de crise. Parece que ela não existe para a gente. Tem quatro empresas que já falaram que vão colocar mais gente aqui. É na crise que surgem as oportunidades", fala.

Networking e baixo custos são diferenciais

Primeiro cliente da 3255 Coworking, Pedro Parreiras (foto acima, à direita), sócio da Nomus, empresa voltada ao desenvolvimento de sistemas informatizados para indústrias, explica o que motivou a escolha do modelo para trazer a empresa para Juiz de Fora. "Nós fundamos a empresa em 2005 no Rio de Janeiro e, no final de 2013, eu me mudei para a cidade. Pensando em locais alternativos para montar a filial da empresa, fui até a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e me indicaram vir aqui. O 3255 nem existia ainda, passou a existir depois que eu comecei. Eu enxergo como a principal vantagem o custo compartilhado, dando flexibilidade para aumentar ou diminuir a equipe, de acordo com a minha necessidade. Se eu tivesse alugado uma sala em um prédio comercial, meu custo fixo de aluguel seria maior do que o que eu tenho hoje. Além disso, a troca de experiências, de negócios, é muito boa. O pessoal já indicou potenciais clientes para a minha empresa, um colega de coworking já ajudou meu engenheiro com uma dica rápida, após ver um problema" revela.

Fundador da start-up HorárioMarcado.com, Thiago Talma (foto acima, à esquerda) também utiliza o modelo de escritório compartilhado para o desenvolvimento do seu aplicativo. "Historicamente, eu tenho empresas em locais com infraestrutura compartilhada. Eu já tive uma empresa no CRITT-UFJF, onde cada um tinha seu box, já fui para um shopping... Só que não interagia com essas pessoas, cruzava com elas e nunca soube em que eu poderia ajudar, em que eles poderiam ajudar, e como nosso negócio conversava. Como nós somos uma start-up, sou apenas eu e mais uma funcionária, não justifica montar uma estrutura grande. Esse rateio de custos compensa, além do networking, com essa troca de experiências vividas com os colegas, a possibilidade de casar o que um cliente precisa com pessoas que a gente conhece, é mais fácil para indicar", conclui.