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"Tentei uma, duas, tr?s vezes...
at? conseguir passar no vestibular!"


Estudantes contam suas ang?stias e experi?ncias e as tentativas para passar no vestibular. Uns optam por outro curso e h? os que preferem pagar uma particular do que fazer cursinho novamente

Djenane Pimentel
18/01/05

O vestibular aparece na vida do estudante como um furac?o, mudando todos os rumos, todas as rotinas normais. S?o dias, semanas, meses e at? anos que se passam, e voc? l?, com a cara grudada nos livros e cadernos.

Esta ? uma etapa das mais dif?ceis da vida, pois o jovem que vai prestar o vestibular sabe que, se n?o estudar muito, dificilmente conseguir? passar em uma universidade federal. Ainda mais se as condi?es financeiras n?o permitirem pagar por uma particular...

Mas, e a vida l? fora? Ser? que ? preciso mesmo ter que parar de fazer tudo o que se gosta - televis?o, cinema, noitadas - para passar nesta bendita prova? Depende, desde que voc? n?o coloque sua sa?de em risco. O ideal, na verdade, ? saber equilibrar as horas de relaxamento com os estudos.

Primeiro: o curso que voc? escolheu vai determinar muito do que voc? ter? que estudar, e o quanto. Se escolheu Medicina, por exemplo, sua vida social, at? conseguir entrar na faculdade, ter? que ser de abdica??o total. O curso ? um dos mais dif?ceis, por possuir o maior n?mero de candidatos por vaga, em todas as universidades federais do Pa?s.

Que o diga a universit?ria V?vian Assis, 21 anos, que est? atualmente cursando Fisioterapia, na UFJF. Por tr?s anos seguidos, V?vian tentou Medicina na Federal, sem conseguir entrar. E olha que estudava muito: fez dois anos e meio de cursinho, e quando chegava em casa ia direto para os livros, revisar a mat?ria e fazer exerc?cios.

"Teve uma ?poca em que eu estudava at? oito horas por dia em casa. No terceiro vestibular, eu j? estava desesperada, me achando um zero ? esquerda e que n?o ia conseguir passar nem em Servi?o Social (curso com baixo ponto de corte na UFJF)", declara.

A estudante conta que, no ?ltimo ano, ficou muito cansada e at? entrou em depress?o. "Comecei a fazer terapia, o que me ajudou muito, principalmente com minha auto-estima e stress. Foi uma v?lvula de escape, para aguentar as cobran?as, n?o s? dos pais como da sociedade". Ela afirma que come?ou a se questionar se iria conseguir passar por tudo aquilo de novo. "Meus pontos dariam para que eu entrasse em qualquer curso, menos em Medicina. E eu s? sabia que queria estudar algo que tivesse a ver com anatomia, com gente", diz.

Da?, resolveu visitar uma cl?nica de fisioterapia e acompanhou o atendimento do profissional durante um dia inteiro. Achou interessante o trabalho e optou por mudar de carreira. Hoje, V?vian est? satisfeita quanto ? escolha, gosta do curso, e se diz feliz por nunca mais ter que estudar aquelas coisas do segundo grau novamente.

Escolhas cedo demais

A escolha certa do curso superior n?o ? tarefa f?cil. Ainda mais para um jovem que acabou de sair da adolesc?ncia (ou que, na maioria das vezes, ainda encontra-se nela). N?o ? mole lidar com tantas desilus?es amorosas, desejos, espinhas, horm?nios, cobran?as por parte dos pais, sociedade, e ainda saber se fez a escolha certa da carreira!

Segundo a psic?loga Karla Fayer, o estudante nesta ?poca passa por duas press?es: a de passar no vestibular e a de escolher a profiss?o em que ir? trabalhar para o resto da vida. E ela esclarece que n?o existe maturidade suficiente para uma escolha dessas na adolesc?ncia. "Mas, infelizmente, n?o tem como alterar isso. O jovem passa por momentos em que precisa amadurecer na marra, sem estar preparado. Se, pelo menos, tiverem o apoio dos pais, j? ser? de grande ajuda", afirma Karla.

A estudante Mariana de Oliveira Barbosa, 18 anos, concorda com a psic?loga. "Acho que esta escolha ? feita cedo demais. Dever?amos ter mais contato com as profiss?es, em geral, durante o segundo grau. Assim, sair?amos com informa?es para tomar uma decis?o mais correta", diz.

Mariana est? tentando o vestibular h? dois anos. J? fez prova para Odontologia, Nutri??o e Comunica??o Social. Diz que gosta de todas estas coisas, mas que, desta vez, decidiu-se mesmo pela Comunica??o.

Como j? fez um ano de cursinho, ela explica que n?o pretende repetir o feito este ano. "N?o compensa. Muitas vezes, acaba saindo mais caro do que pagar uma faculdade particular", destaca. A estudante tentou o vestibular da Unipac e, agora, aguarda o resultado.

Outra que tamb?m deve cursar uma faculdade particular este ano ? Cristiane Michele Thomaz de Moura, 19 anos. A estudante, que tentou o vestibular nos ?ltimos dois anos, para Letras, ainda n?o conseguiu passar, mas confessa que n?o estudou o quanto deveria. "Prestava aten??o nas aulas, mas, quando chegava em casa, n?o estudava muito", conta.

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Para a fam?lia tamb?m ? reservado um papel imprescind?vel na vida do filho que est? prestando o vestibular. A dica da psic?loga Karla Fayer ? para que os pais n?o sejam mais um peso na vida dos filhos, neste momento, e sim, que eles saibam conversar com o filho sobre sua op??o de carreira.

Mas lembre-se: motivar ? bem diferente de pressionar. "Os pais devem participar ativamente da decis?o, mas sem influenciar ou interferir. Muitas vezes, falta a conversa: explicar as profiss?es, mostrar o que cada profissional faz, e tentar reconhecer, juntos, o que filho mais gosta, para ajud?-lo a descobrir um caminho".