As relações conjugais e suas nuances
Artigo As rela?es conjugais e suas nuances
|
Dessa maneira, percebe-se a oscila??o entre o desejo e o temor, permeando
essa op??o de vida a dois. Alguns desses ditados expressam esses sentimentos
de forma c?mica, tal como: ?casamento ? como caipirinha de boteco, todo
mundo sabe que d? dor de cabe?a, mas mesmo assim quer experimentar?. Nesse sentido, observando tal contexto, que faz parte das escolhas do
parceiro amoroso ou mesmo conflitos conjugais, percebe-se que esse assunto
n?o desperta somente a an?lise das lentes populares, mas tamb?m de alguns
tipos de profissionais. Uma dessas pessoas, o psiquiatra, psicodramatista e autor Victor
Dias, tra?ou considera?es que ajudam na compreens?o do casamento a partir
dos v?nculos que se formam nessa rela??o. Assim, Dias argumenta que o
v?nculo conjugal pode abranger toda e qualquer rela??o existente no
casamento. Nessa dire??o, Victor Dias defende que o casamento ? sustentado por
um tipo espec?fico de v?nculo e amparado por alguns outros. Tais v?nculos
s?o definidos por Dias como: v?nculo amoroso, compensat?rio e de
conveni?ncia. Assim, quanto aos tipos de v?nculo, pode-se esclarecer, a partir dos
ensinamentos de Victor Dias que o v?nculo amoroso caracteriza-se pela
atra??o erotizada entre o homem e a mulher. O v?nculo amoroso se instala a partir de um foco de atra??o que vai
desencadear uma paix?o ou uma sensa??o de encantamento. Tanto a paix?o como
o encantamento podem ser entendidos como sentimentos, nos quais existe uma
intensa atra??o pela pessoa amada e uma sensa??o de que esta pessoa possa
preencher todas as lacunas afetivas da outra. "? uma sensa??o de ter
encontrado uma alma g?mea" (Dias, 2000). O parceiro amoroso ? visto como uma
pessoa perfeita. O segundo tipo de v?nculo conjugal definido por Dias ? o v?nculo
compensat?rio. Este ? um v?nculo de depend?ncia que forma o casal. A
depend?ncia ocorre porque um dos parceiros delega ao outro,
independentemente da concord?ncia deste ou n?o, fun?es psicol?gicas que
deveriam ser de sua responsabilidade. As fun?es delegadas s?o de tr?s tipos e est?o ligadas a tr?s fun?es
psicol?gicas: cuidar, julgar e orientar. Quando um parceiro delega ao outro
a fun??o de cuidar, ?o indiv?duo considera que a responsabilidade de cuidar
de seus pr?prios interesses, tanto afetivos quanto materiais, passa a ser
daquele outro. Por fim, na ?ltima fun??o, a pessoa delega ao seu companheiro o papel de
orient?-lo, dirigir sua vida e decidir as atitudes que deve ou n?o tomar. A
fun??o de orienta??o pode incluir decis?es como, a que restaurante ir e que
comida comer, at? decis?es profissionais ou relacionadas ? economia
dom?stica. A execu??o das fun?es delegada geradas a partir do v?nculo
compensat?rio pode ir se desgastando no decorrer da conviv?ncia do casal.
?Os parceiros v?o se cansando de complementar a fun??o delegada (Dias,
2000)?. Tal fato tende a gerar frustra??o, ocasionando uma crise conjugal. Finalmente, o ?ltimo tipo de v?nculo ao qual Victor Dias se refere ? o
v?nculo de conveni?ncia. Esse tipo de v?nculo ? baseado em rela?es de
interesse, tais como interesses ?financeiros, econ?micos, sociais,
comerciais, pol?ticos, profissionais, familiares?, dentre v?rios outros
apontados por Dias. Esse autor divide os v?nculos de conveni?ncia em tr?s grupos. No primeiro
desses grupos a conveni?ncia pode ser expl?cita e ser a pr?pria causa do
casamento. Nesse caso, ?o casamento ? fruto de um acordo de interesses que
beneficia os parceiros ou suas fam?lias, suas cren?as, seus pa?ses, suas
comunidades (Dias, 2000).? Al?m disso, pode estar clara para um dos parceiros e n?o para o outro, ou ?
um acordo impl?cito entre os dois. Esse ? o caso, por exemplo, do casal que
se forma para que a mo?a, ou mesmo o rapaz, saia da casa dos pais por n?o
estar satisfeito com a conviv?ncia familiar original. O terceiro grupo ? identificado nas rela?es de conveni?ncia que se
estruturam durante a vida conjugal. Nesse caso, o casal tem uma s?rie de
interesses em comum resultantes da vida a dois que s?o dif?ceis de
separar. Todas essas explica?es sobre as rela?es conjugais favorecem o
entendimento da forma??o de casais. O conhecimento dessas rela?es revela-se
importante para a identifica??o do v?nculo que est? sendo formado,
possibilitando o estabelecimento de rela?es mais saud?veis, honestas e
maduras. Refer?ncia bibliogr?fica: Denise Mendon?a de Melo
Al?m disso, ? comum ouvir opini?es sobre a pr?pria rela??o conjugal, quando
conflituosa, como: ?em briga de marido e mulher ningu?m mete a colher.?
Esses profissionais englobariam psic?logos de
v?rias especialidades, como psic?logos cl?nicos ou jur?dicos, bem como
psiquiatras ou demais profissionais que precisem lidar com as quest?es que
envolvam as rela?es conjugais.
Esse autor complementa que o v?nculo conjugal abrange o casamento como um
todo e ? afetado por qualquer crise que se instale.
Desta forma, um desequil?brio no v?nculo principal pode afetar com bastante
?nfase o casamento, ao passo que um desequil?brio nos v?nculos auxiliar n?o
representa grande amea?a ? sa?de da rela??o.
Esse v?nculo ?? respons?vel pela sensa??o de encantamento que se instala
entre o casal, e ? o que sustenta a rela??o de amor.
Quando isso acontece ? necess?rio que o casal estabele?a um di?logo honesto,
revelando suas decep?es e assumindo as caracter?sticas desagrad?veis de
forma que seja criada uma rela??o de confian?a, restabelecendo o v?nculo de
amor, ent?o de forma reeditada e mais madura.
Caso a fun??o de cuidado n?o seja executada satisfatoriamente pode ocorrer
uma certa tens?o na rela??o do casal.
Do mesmo modo que na fun??o de cuidado, a fun??o de julgamento quando n?o
desempenhada gera frustra??o e tens?o no casamento.
Assim, na maioria das vezes a conveni?ncia ? expl?cita e os parceiros
almejam um objetivo em comum.
Dessa maneira, Victor Dias explica que nesse grupo, em geral, a conveni?ncia
n?o ? claramente explicitada pelos parceiros, mas ? poss?vel ter uma id?ia
de sua exist?ncia
Dias alerta que nesses casos ? comum ocorrer uma crise conjugal ap?s a
conquista do objetivo que gerou a rela??o de conveni?ncia.
Os interesses em comum podem ser representados pelos filhos, patrim?nio
econ?mico, as rela?es sociais, entre outros como explica Dias.
DIAS, Victor R. C. S. V?nculo conjugal na an?lise psicodram?tica.
Diagn?stico estrutural dos casamentos. ?gora, S?o Paulo: 2000
? psic?loga, formada pelo
a
Centro de Ensino Superior
de Juiz de Fora.
Saiba mais clicando aqui.