Professores entram em greve por tempo indeterminado
Professores entram em greve por tempo indeterminado Diante da negativa de reajuste salarial, professores da rede municipal votam pela greve e cobram da PJF a reposição inflacionária
*Colaboração
29/4/2009
O Sindicato dos Professores de Juiz de Fora deflagrou greve por tempo indeterminado diante da contraproposta apresentada pela Prefeitura Municipal na manhã desta quarta-feira, dia 29 de abril. Depois de aprovar por unanimidade o início imediato da greve, a categoria fez passeata com bandeiras, apitos e carro de som pelas ruas do Centro, com destino à Secretaria de Educação.
Ao chegar na Praça Antônio Carlos, o sindicato montou nova comissão para informar à secretária de Educação, Eleuza Barboza, sobre a deflagração do movimento grevista e cobrar posicionamento da titular da pasta nas negociações salariais. O grupo foi recebido por uma assessora da secretária. Segundo ela, Eleuza não estava no local.
"Viemos cobrar uma participação mais efetiva na negociação, pois a educação tem recursos próprios, como o Fundeb, e precisa ter voz ativa durante a campanha. Fomos recebidos por uma assessora que disse que a secretária não está no prédio e que a mesma não tinha conhecimento da negociação da pauta específica", afirma o coordenador do Sinpro, Flávio Bitarello.
A ausência da titular da pasta de Educação durante as negociações entre o sindicato e a Prefeitura foi alvo de muitas críticas dos manifestantes. Durante o protesto na praça Antônio Carlos, os professores gritaram "choque de gestão, para o magistério não", na tentativa de chamar a atenção dos funcionários da secretaria.
O comando de greve se reúne nesta quarta na sede do Sindicato dos Professores, e uma nova assembleia para avaliação do movimento foi agendada para a próxima segunda-feira, dia 4 de maio, a partir das 14h30 no anfiteatro do Pró-Música.
Paralisação
A assembleia da categoria, que estava marcada para as 9h em frente à Câmara Municipal, teve um atraso de aproximadamente 45 minutos em função de uma nova rodada de negociações na Prefeitura. Antes mesmo da chegada da comissão que participou do encontro, representantes do movimento já afirmavam que a greve seria a única alternativa diante da negativa do reajuste salarial.
"Para iniciar a conversa, tem que garantir pelo menos a reposição da inflação com base no IPCA. Não vamos aceitar o achatamento salarial", afirma a diretora da Secretaria Geral do Sinpro, Aparecida de Oliveira Pinto.
Os professores também classificaram a decisão da Prefeitura de negociar com cada sindicato individualmente como tática para enfraquecer o movimento. "O tom da negociação salarial da administração é de truculência, violência e intimidação", declara Bitarello, em relação à presença maciça da Polícia Militar durante a assembleia e a passeata.
A coordenadora do Sinpro, Fátima Barcellos, reforçou ao microfone o ataque ao governo municipal. "A nossa atitude na campanha salarial desse ano vai definir os próximos três anos. Não podemos aceitar o reajuste zero!"
Um levantamento realizado pelo sindicato aponta que 95% dos magistrados da rede pública aderiram à paralisação desta quarta-feira, e a expectativa é de que o movimento continue fortalecido durante a greve. De acordo com a PM, o número de participantes da assembléia ficou entre 400 e 500 pessoas. Já o Sinpro, segundo Aparecida, estima que o movimento contou com cerca de 800 participantes. De acordo com a Prefeitura, 97% das escolas da cidade ficaram fechadas.
Entenda a greve
Depois de três paralisações e a manutenção do reajuste zero por parte da Prefeitura, o Sinpro deflagrou greve diante da proposta apresentada pela Secretaria de Administração e Recursos Humanos. No documento, a Prefeitura propõe abono salarial de R$ 70 aos professores com salário inferior a R$ 700 e, para os que recebem entre R$ 700,01 e R$ 769,99 , o abono será proporcional para que o vencimento seja de R$ 770.
Outra proposta é direcionada aos professores efetivos que têm contrato de 20h semanais com o executivo municipal. Eles poderão receber um ganho de cerca de 10% mediante extensão da carga horária para 22h. Segundo a assessoria de comunicação da PJF, a adesão é facultativa.
Ainda de acordo com a assessoria, o aporte financeiro do plano de saúde também será contemplado, mas o valor ainda não foi divulgado. Os demais itens da pauta de reivindicações do Sinpro estão sendo estudados pela Secretaria de Administração e Recursos Humanos.
Os textos são revisados por Madalena Fernandes