Ocupada por manifestantes, Câmara encerra expediente

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Ocupada por manifestantes, C?mara encerra expediente

Ocupada por manifestantes, Câmara encerra expediente

Cerca de 30 pessoas dormiram no Plenário. Eles exigem a redução do preço das passagens de ônibus. PM monitora a situação e entrada no prédio está proibida

Raphael Placido
Repórter
28/06/2013

Às 9h45 desta sexta-feira, 28 de junho, a Câmara Municipal de Juiz de Fora encerrou o expediente e suspendeu todas as atividades. A medida, preventiva, foi tomada em conjunto pelo presidente da Câmara, Júlio Gasparette, e pela Polícia Militar, em virtude da ocupação que começou na noite desta quinta-feira. Vários manifestantes dormiram na Câmara e cerca de 20 pessoas permanecem no Plenário. Elas exigem a diminuição do preço das passagens de ônibus e pretendem continuar no prédio por tempo indeterminado. Com o impasse criado, ninguém está mais autorizado a entrar na Câmara. A PM segue monitorando a situação.

O grupo de manifestantes segue a tendência dos protestos de não apontar um líder. Eles se recusam a dar entrevistas às televisões, afirmam que não falam em nome de ninguém e dizem que o movimento não pode ser "de caras". Um jovem, no entanto, explicou quais as reivindicações do grupo. Ele pediu apenas para não ter o nome divulgado. "Pretendemos ficar aqui até o preço da passagem baixar. Houve uma isenção de impostos feita pela Dilma. Não é justo que só em JF o valor continue o mesmo. Temos várias pautas, encaminhamos ao prefeito, e nada foi respondido. Não houve avanço, apenas a mesma postura antiga de sempre. Vamos ficar aqui o tempo que for necessário", afirma.

A todo momento, os manifestantes exigiam a presença de vereadores e do prefeito Bruno Siqueira. Supridos de água, pão e frutas trazidas durante a madrugada, eles ocuparam a mesa diretora e chegaram a eleger uma mulher para "presidir" o que chamaram de Câmara Hackeada.

Vereadores tentaram um consenso com o grupo

Vários vereadores tentaram conversar com os manifestantes na manhã desta sexta-feira. A intenção era fazer com eles desocupassem o Plenário, permitindo que os trabalhos dos parlamentares prosseguissem normalmente.

O vereador Noraldino Júnior (PSC) foi um dos que tentou negociar. Cercado pelos manifestantes, ele propôs que um grupo de cinco pessoas fosse escolhido para uma reunião com o prefeito. A proposta, no entanto, foi imediatamente rechaçada. "A situação está muito complicada e eu estou aqui tentando resolver com vocês. O interesse é que a Câmara continue os trabalhos", explicou o vereador, que ouviu de volta de um manifestante mascarado: "O senhor está tentando pacificar e dividir o grupo, mas não vai rolar".

Jucélio (PSB) foi outro parlamentar que tentou convencer, sem sucesso, os manifestantes a aceitarem o caminho do diálogo. "Se nós, vereadores, estamos aqui, querendo negociar, não é possível sentar normalmente e conversar?", argumentou.

Logo depois, por volta de 9h40, a Câmara informou que estava encerrando o expediente. uma nota oficial foi divulgada: "Por questão de segurança, a Câmara Municipal de Juiz de Fora suspendeu o funcionamento, incluindo serviços de atendimento ao público, nesta sexta-feira (28/06). A previsão é de retorno das atividades normais na segunda-feira (1º/07)".

Em seguida, o presidente da Câmara, Júlio Gasparette (PMDB), subiu acompanhado de policiais militares para conversar com os manifestantes. A imprensa não teve permissão para acompanhar o encontro. Em seguida, Gasparette falou com os jornalistas. "Conversamos com os manifestantes. Eles querem que o prefeito baixe a passagem, mas não é deste jeito. Temos uma responsabilidade muito grande. Eles não querem sair. Por isso, o Parlamento está fechado. Estamos tirando todos os funcionários e ninguém mais tem autorização para entrar. O comando está com a Polícia Militar", explicou.

O tenente-coronel Mário afirmou que a polícia pretende acompanhar passo a passo o que vai acontecer. "Vamos negociar com eles de forma bem tranquila. Só não entra mais ninguém na Câmara. Espero que tudo possa ser feito de forma tranquila, sem que chegue ao ponto de conflito ou prisões. Mas vai depender deles. Se houver alguma tipificação criminal eles podem ser presos, sim", afirma.

Fechamento da Câmara atrapalhou muita gente

Na Câmara funcionam vários departamentos que vão muito além do trabalho dos vereadores. A retirada de documentos sempre atraiu muitas pessoas ao prédio. O fechamento, portanto, acabou prejudicando muita gente que não tinha nada com isso e estava com atendimento já agendado.

É o caso do aposentado Luís Ricardo Mello, que precisava pegar um documento. Ele lamenta o ocorrido. "Fiz o agendamento e precisava pegar um documento e conversar a respeito de um advogado público. Agora, vou ter que voltar na segunda-feira. Eles não percebem o quanto estão atrapalhando as outras pessoas", finaliza.