Alunos de escola pública produzem curtas sobre bullying

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Alunos de escola pública produzem filmes sobre bullyingCem estudantes participam do projeto Escola da Paz, com o objetivo de minimizar atitudes agressivas e violentas no ambiente escolar

Clecius Campos
Repórter
6/11/2009

Cem alunos do 6º ao 9º ano da Escola Municipal Menelick de Carvalho estão envolvidos na produção de seis curtas-metragens sobre a prática de bullying no ambiente escolar. Trata-se do projeto Escola da Paz, desenvolvido pela diretoria do colégio, em parceria com uma produtora de vídeos da cidade, e financiado pelo Fundo de Apoio à Pesquisa na Educação Básica (FAPEB).

De acordo com a coordenadora pedagógica da escola, Elisana Faria, o objetivo do projeto é aliar conhecimento tecnológico, através da produção de filmes, à necessidade de minimizar atitudes agressivas e violentas, como brigas, ameaças e zombarias, comuns no ambiente escolar.

"Desde que começamos as palestras, os encontros e, mais tarde, as oficinas e a produção cinematográfica, percebemos que os estudantes estão mais conscientes quanto a comportamentos indesejáveis na escola. Ainda existe alguma atitude agressiva ou outra que está inadequada, mas os alunos notam que a repetição pode chegar a se tornar bullying. Outro aspecto importante é que eles aprenderam a pedir desculpas com mais frequência."

Segundo Elisana, não só boas maneiras foram inseridas na vida desses alunos. Talentos desconhecidos e maior compromisso com a escola também são ganhos notáveis. "Com os filmes, os estudantes aprenderam o sentido da cooperação, desenvolveram liderança positiva e adquiriram mais responsabilidade, qualidade fundamental para o ser humano. A presença nas aulas aumentou e eles estão mais preocupados em desenvolver uma boa oralidade."

A estudante do oitavo ano Raíssa Aparecida Garcia confirma mudança de comportamento após participação no projeto. "Fizemos o filme Bullying, um problema contínuo sobre uma novata no colégio que sofre com as implicâncias de três colegas de turma. O roteiro me fez pensar que a agressão, mesmo que não seja física, machuca as pessoas e deve ser evitada. Melhorei a minha relação com minha irmã depois da experiência."

Outra aluna da mesma turma de Raíssa, Taylane de Brito Cabral, afirma ter aprendido a conviver com as diferenças. "Temos que respeitar os colegas do jeito que eles são e, em vez de julgar ou agredir, ser sincero e dar conselhos, para que todos possamos melhorar." Produzir o curta ajudou Taylane a ser mais desinibida. "Antes ficava com medo de fazer perguntas para os professores e alguém rir de mim. Agora, tiro minhas dúvidas sem me importar com a opinião dos demais. Minha relação com os professores melhorou bastante."

Camila Moreira Barbosa acredita que o filme pode não só mudar a mente daqueles que participaram da produção, mas também acrescentar algo nos futuros expectadores. "Pode ajudar tanto a pessoa que fica mais isolada, e normalmente é vítima de bullying, como beneficiar aqueles que praticam as agressões.

Três dos seis filmes estão em fase de edição. De acordo com Elisana, a expectativa é de que a exibição de todos os curtas seja realizada no início de dezembro. "Estamos preparando um evento especial denominado 1º Curta Menelick. O convite para a exibição será feito à comunidade do bairro Retiro [onde funciona a escola] e a todas as escolas municipais da cidade. Os interessados no mundo cinematográfico também serão bem-vindos."

O cineasta convidado para coordenar os trabalhos dos pequenos, Adriano Medeiros, adianta que as produções têm caráter bastante autoral, já que o assunto escolhido envolve situações pelas quais muitos dos alunos já passaram. "Fazer um trabalho que explore casos do cotidiano dos alunos é fundamental para a carreira acadêmica e para a formação da vida dessas crianças e adolescentes, pois eles se conhecem melhor."

Palestras, encontros e oficinas prepararam os alunos

Fonte: Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia)

Os textos são revisados por Madalena Fernandes

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