Sensibilidade e repertário cultural são pr?-requisitos para curador

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Sensibilidade e repert?rio cultural s?o pr?-requisitos para curador

Sensibilidade e repertório cultural são pré-requisitos para o bom curador

Responsável por conceber exposições e mostras, ele precisa trabalhar com inteligência para que o público capte a intenção e faça a leitura proposta das obras

Thiago Stephan
Repórter
12/6/2012

Uma figura que tem especial papel dentro das artes plásticas na atualidade é a do curador, aquele que tem a responsabilidade de cuidar das obras de uma mostra. É ele quem define o conceito, seleciona as peças, trabalha a disposição das obras, redige o texto de apresentação, pensa na iluminação e dialoga com o público para esclarecer aspectos da produção artística ou mesmo direcionar os olhares para as leituras que considera mais importantes. E, segundo professores do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é na sensibilidade desta pessoa que estão depositadas, mesmo que parcialmente, as chances de sucesso de obras e artistas.

Um novo entendimento da arte

Em 1917, o artista francês Marcel Duchamp revolucionou o entendimento sobre a arte ao enviar para uma exposição em Nova Iorque o trabalho "Fonte", um mictório em posição invertida. A transferência de um objeto do cotidiano para o campo das artes recebeu o nome de ready-made. De acordo com a professora do IAD, Edna Rezende, com sua obra, Duchamp contribuiu para mudança do paradigma estético vigente até então. "As obras de arte deixaram de ser inequívocas. Qualquer coisa poderia ser arte. A partir deste momento, a arte passa a estar em um campo aberto, em reorganização contínua", explica.

Tal mudança, além de modificar o fazer artístico, abriria espaço também para novas formas de relação entre as obras de arte e o público. É justamente neste ponto, segundo Edna, que começa a ganhar importância o curador, interlocutor com capacidade de aproximar objeto e expectador. "É a figura capaz de organizar o circuito de pensamentos. O curador é esse sujeito dotado de capacidade de reorganizar este signo sempre aberto que se tornou o objeto de arte", observa Edna.

O artista plástico e diretor do IAD, Ricardo Cristófaro, já fez a curadoria de várias exposições, como "Plásticas Sonoras" (fotos), realizada em coautoria com a professora e artista Valéria Faria e apresentada durante o Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. Ele também fez as curadorias de mostras dos artistas Arlindo Daibert e Adriana Pereira, entre outras. Apesar de preferir a atuação como artista, revela ter gostado de ser curador, função que, em sua avaliação, ganhou importância a partir de grandes mostras internacionais, como as bienais.