Uma boa notícia para quem ainda acha que desenho animado e
história em quadrinhos são coisas para criança
Tâmara Lis
23/09/03
Léo Ribeiro conta que desde pequeno gosta de desenho e não foi por acaso que ele cursou uma faculdade de arquitetura. Começou com histórias em quadrinhos, mas depois quis ver seus personagens em ação e passou a se dedicar à animação.
E a escolha tem seus motivos. "Hoje em dia, o audiovisual tem mais apelo. Ficou mais fácil experimentar a animação porque a tecnologia utilizada para fazer o trabalho é mais barata. A HQ é mais barata de ser feita porém mais difícil de se colocar no mercado. O audiovisual é legal porque dá status para a cidade", explica.
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Como protagonista do primeiro filme, surgiu o lobo Guará, um personagem tipicamente brasileiro, com toda da malandragem e preguiça que costumam aparecer nas definições do povo brasileiro. Segundo Léo Riberio, a idéia de colocar o Lobo Guará como o herói da história é porque, além de ser um personagem bem brasileiro ele ressalta que não queria nada como os "Simpsons" ou "Pokemon" que não refletem a nossa cultura.
O curriculum | |
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Tudo sobre o Lobo Guará
Como Defender Um Cafofo ou As Aventuras do Lobo Guará No Reino da
Especulação Imobiliária é a animação de estréia do Estúdio
ATO.
Esta produção foi contemplada com a Lei Murilo Mendes de Incentivo à
Cultura, de 2002.
O filme é uma livre adaptação da fábula dos três porquinhos. Com uma inversão dos papéis dos protagonistas, desta vez o herói é o lobo.
Ficha técnica:
Argumento, Produção e Direção - Léo Ribeiro
Story Board, Roteiro, Animação e Arte Final - Léo Ribeiro, Pedro
Henrique e
Ricardo Coimbra
Cenários - Alessandro Corrêa
Animação 3D e Composição Digital - Cláudio Barros
Colorização e Edição - Cláudio Barros e Leo Ribeiro
Sonoplastia - Adauto Vilela
Direção Musical - José Luiz Vieira
Trilha Sonora - José Luiz Vieira, José Prieto e Pedro Dias
Dublagem - Gueminho Bernardes e Samir Hauaji
E o trabalho não pára!
Agora Léo Ribeiro está trabalhando no segundo desenho
animado que também valoriza o caratér local e desta vez mais local do que
nunca. Já que a história se passa no Parque Halfeld em Juiz de Fora e fala
de um velhinho enxadrista que promete aprontar muita confusão.
A receptividade da cidade não assusta o artista. As pessoas da cidade recebem bem a arte dos quadrinhos e do desenho animado, agora quando a questão é patrocínio as coisas ainda precisam melhorar muito.
Léo salienta ainda a qualidade do trabalho em HQ feito o país. O trabalho de quadrinhos no Brasil é muito bom e existem verdadeiros gênios como Flávio Colin.
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Dificuldades à vista
Bem, fomos dar uma olhadinha na lista dos desenhistas de HQ e não é preciso
procurar muito para notar a quase ausência das mulheres.
E o motivo, acreditem é bem pior do que se pode imaginar. "São poucas mulheres desenhado quadrinhos porque os quadrinhos direcionados ao público feminino são tão fracos, tão bobos que não despertam nas mulheres a vontade de fazer HQs", explica Léo entristecido.
E não é só a dificuldade de gênero não! "Para ter acesso a uma história em quadrinhos é preciso saber ler e ter condições de comprar a revista. Como se não bastassem estas dificuldades, ainda há o mercado americano que consegue disponibilizar revistas por um preço muito menor do que as feitas por aqui. Mas não podemos parar de fazer quadrinhos porque há dificuldades, se não as dificuldades nos vencem, é preciso continuar", conclama o artista.