Harley Arruda Juizforano interpreta o musical carioca "O pequenino grão de areia", vencedor do Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil, com apresentação única na cidade
Repórter
20/04/2007
Cheio de espontaneidade, carisma e determinação o juizforano, Harley Arruda, traça o seu caminho pelas artes. Teatro, dança e canto se misturam em sua trajetória, em um vai e vem de fases, que o próprio artista define como "essenciais e complementares".
Desde pequeno, Harley já demonstrava o interesse por música clássica e, enquanto cantarolava, aproveitava para interpretar alguns personagens. Coincidência ou não, mais tarde o menino ingressou na Companhia de Atores da Academia, local em que decorou os primeiros textos e deu vida aos primeiros personagens.
Discípulo de Toninho Dutra, o ator considera "importantíssima a fase teatral em Juiz de Fora". Na bagagem, há espaço para peças como "Morte e vida Severina", "Retratos - Poemas de Carlos Drummond de Andrade", "Viagem - As múltiplas faces de Fernando Pessoa", "Vô Candinho e seus bonecos" e "O Beijo no Asfalto".
A paixão pelos musicais se aflorou durante os ensaios para a peça "João e
Maria", ainda encenada na cidade. A partir daí, decidiu estudar canto
lírico, com Jovelina Nóbrega, e ingressou na
academia de ballet Misailidis. "Aprender ballet clássico aos 18 anos
foi um grande desafio físico"
, considera Harley.
A superação veio com apresentações marcantes nos palcos juizforanos, através dos espetáculos assinados pelo primeiro bailarino do teatro Municipal do Rio de Janeiro, Marcelo Misailidis, como "Lendas da Amazônia", "Orlando Silva - Saudade de uma Voz" e "A Lua dos Apaixonados e Seresteiros". Ainda há espaço para trabalhos no balé contemporâneo, como "Carmem", "As Quatro Estações" e "Love Songs", produzidos por Fábio de Melo.
Aos 23 anos, Harley aproveita o gás de sua juventude para aprimorar as
técnicas de canto e interpretação, estudando no Rio de Janeiro. É também na
capital carioca que cursa Publicidade e Propaganda. Voltando à cidade de
origem, o ator traz um presente ao público, encenando o musical
infanto-juvenil O Pequenino Grão de Areia, com direção de
Marcelo Mello e Gisela de Castro. O espetáculo foi premiado no Prêmio Zilka
Sallaberry de Teatro Infantil, nas categorias Melhor Espetáculo e Melhor
Texto, além das indicações de melhor direção, cenário e iluminação.
Confira a entrevista com Harley Arruda:
ACESSA.com - Quando descobriu que faria teatro?
Harley Arruda - Eita... desde novo! Na verdade,
acho que nunca descobri que faria teatro, eu sempre fiz! Ahahahah! Arte pra
mim é mais que prazer, é uma necessidade. É o alimento da minha alma!
ACESSA.com - Quais os trabalhos mais marcantes em sua carreira?
Harley Arruda - Vale responder todos? Tipo, cada um tem sua parte no
todo, excluir um seria acabar com o caminho que fiz.
Em cada um aprendi algo que serviu para eu estar hoje aqui. Claro que têm uns que
a gente fica mais feliz e tal, mas todos têm um grande aprendizado,
seja por experiências negativas ou positivas.
Harley Arruda - São muitas, mas não diferem muito de uma cidade como o Rio de Janeiro, o que muda é o potencial econômico da cidade. Questões como valorização da arte como instrumento de modificação social. Juiz de Fora precisa de uma organização por parte dos artistas para transformarem isso. Mas, já vejo algumas coisas mudando. Uma outra dificuldade também é o de público, não existe muito o hábito de ir ao teatro, esse incentivo por parte da prefeitura devia ser maior!
ACESSA.com - Por que deixar JF e fazer teatro no Rio de Janeiro?
Harley Arruda - Juiz de Fora é uma cidade muito
engraçada! Adoro a cidade, mas para o tipo de trabalho que pretendo
desenvolver, que é o teatro-musical, não existe campo algum.
Uma vez ou outra vê-se alguns musicais e tal. Vir para o Rio foi uma
opção por motivos de ampliação técnica e maiores oportunidades de trabalho, somente por isso.
Sendo que para teatro musical, o melhor lugar no país é São Paulo, mas
as condições no Rio, por enquanto, são mais fáceis pra mim (um passo de cada vez).
Se JF tivesse isso tudo, eu ficava por aí!
ACESSA.com - Há obstáculos para entrar no mercado carioca?
Harley Arruda - Muitos! Tanto em aspectos do meu
trabalho pessoal quanto coletivo. A cidade gira muito em torno da Rede Globo,
(...) já ouvi milhões de vezes a frase: "Você tem que fazer Malhação!".
Mas confesso que TV não é muito meu forte! Se vier, que seja conseqüência.
Outras dificuldades como o ritmo das pessoas e o nível técnico também
aparecem no início, mas faz parte, é só alcançá-los!
E tem também a questão de que cheguei sem ninguém conhecer o meu
trabalho aqui. Entrar é difícil, mas confesso que sou uma pessoa de sorte.
Mas, apesar de tudo, eu me divirto!
ACESSA.com - Como foi a preparação para "O pequenino grão de areia"?
Harley Arruda - A peça já estava em cartaz quando recebi a ligação do Gustavo,
que também faz a peça, dizendo que ia ter uma vaga pra stand in e que se eu topava em
tentar. Aí passei um mês assistindo a peça, decorando o papel e aprendendo todas as
marcações fiz teste de palco e de canto. Foi meio difícil pra mim por que eu estava
muito nervoso e sei que não mostrei o melhor de mim, mas eles resolveram confiar....
ahahha ... loucos... ahahahah... Entrar no meio de uma temporada é complicado,
porque existe um ritmo e uma química do grupo todo... eu tinha que entrar sem
quebrar essa química... foi muito bom!
ACESSA.com - Você já havia feito um musical infanto-juvenil?
Harley Arruda - Já! Aí em JF. Fiz "Vô Candinho e seus Bonecos" na Cia.
De Atores Academia e João e Maria da Cia. Muito Barulho por Nada sob a direção
de Toninho Dutra e músicas de Laura Delgado.
ACESSA.com - Como é trabalhar para este público?
Harley Arruda -
É um público muito sincero, o eu torna o trabalho muito gratificante! Eles não
tem alguns conceitos e traumas que nós adultos temos... Aprendo muito com
eles!! Ajuda a manter meu complexo de Peter Pan vivo!
ACESSA.com
O que o público juizforano pode esperar da peça?
Harley Arruda -
Olha, eu poderia dizer pra não esperar porque aí o que vier é lucro! Ahahahah
Mas já que perguntou.... O público pode esperar um espetáculo (prefiro não
rotulá-lo de infantil ou adulto) que fala de valores um pouco perdidos hoje em
dia! Não quero falar muito para não estragar a surpresa! Ahahahaha Mas se
preparem para dar boas risadas.
ACESSA.com - Depois de JF, a peça segue para quais cidades?
Harley Arruda -
Hummm.... me apertou sem me abraçar... sou meio lesado para essas coisas de
agenda... mas sei que volta para o Rio no Teatro Antônio Fagundes na Barra da
Tijuca. Tipo, vale lembrar que a peça completa um ano que está em cartaz aí em
JF.