Empresários de JF investem pouco em sustentabilidadePoucas empresas na cidade possuem ações voltadas ao desenvolvimento sustentável devido à falta de incentivo e de fiscalização

Isabela Lobo
Colaboração*
25/8/2010

É comum vermos em propagandas de grandes marcas a divulgação de iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável. Porém, o mesmo não acontece em pequenas e médias empresas de Juiz de Fora, seja por falta de incentivo ou de fiscalização de órgãos competentes.

Para a gestora ambiental Cecília Junqueira, as empresas da cidade ainda estão longe de serem modelos no que diz respeito à sustentabilidade. "Juiz de Fora ainda está engatinhando nesse processo. É difícil encontrarmos empresas que tenham ações efetivas", comenta. Ela destaca uma ferramenta interessante para a sustentabilidade que já está em atuação: o ICMS Ecológico. "Trata da redução de até 6% do imposto tributário de empresas que tenham essa preocupação ambiental", explica Cecília.

Para o ecologista Theodoro Guerra, a falta de incentivo do poder público também se torna um entrave ao desenvolvimento sustentável. "Falta incentivo e prática do poder público, que é um dos primeiros a fazer produtos de maneira insustentável."  Segundo o ecologista, apesar de poucas ações na cidade, a preocupação com a sustentabilidade têm se tornado tendência devido à consciência da finitude dos recursos naturais. "O uso de recursos naturais de maneira equilibrada nada mais é do que a sustentabilidade. A preocupação com o ambiente, aliada à preocupação social e econômica, compõe essa questão do desenvolvimento sustentável", afirma Theodoro.

Pequenas ações fazem a diferença

Para quem acredita que ações sustentáveis são exclusividade de grandes empresas, engana-se. Pequenas iniciativas podem se tornar um diferencial quando o assunto é meio ambiente. "Qualquer redução de matéria-prima ou insumo usado na produção já é válido. Não é preciso que as ações sejam grandiosas para fazer a diferença", defende Theodoro.

Para Cecília, a implantação de ações sócio-ambientais é um investimento, mesmo no caso de pequenos empresários. "Pequenas iniciativas cotidianas, como economia de água, de energia, abolição do copo descartável, já podem contemplar o meio ambiente". A gestora ainda diz que tais ações podem garantir resultados econômicos. "A curto prazo é mais despesa, mas a médio e longo prazo vai representar uma diminuição na conta de água e de luz."

Uma empresa especializada na produção de telhas vê a questão ambiental como um diferencial em sua produção. Desde sua fundação na cidade, a companhia se preocupa com questões como reciclagem, reaproveitamento de água e energia, além da diminuição da geração de resíduos e poluição. Tanto cuidado tem gerado bons resultados para a empresa. “A empresa já conquistou o Selo Verde, concedido pela AMA JF [Associação pelo Meio Ambiente de Juiz de Fora]”, afirma a assistente da diretoria, Cristina Reis Sant' Anna e Castro.

A empresa Junior da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), criou um núcleo exclusivo para orientar ações sustentáveis. Além do envio de dicas com temáticas sócio-ambientais, adota medidas ecologicamente corretas no dia a dia. “Todos os documentos internos da empresa são impressos em folhas de rascunho e temos uma cesta destinada somente a papéis que são posteriormente reciclados", explica a vice-diretora, Natália Lopes.

Marketing Verde

Ações sócio-ambientais têm se tornado tão interessantes que viraram estratégia de marketing. Desde os anos 70, administradores e profissionais da comunicação já se preocupam em aliar seus produtos a ações sustentáveis. Isso porque produtos ecologicamente corretos despertam, cada vez mais, a atenção do cliente. "A preocupação das empresas é exatamente pela exigência do consumidor, que está cada vez mais consciente", afirma Cecília.

O Marketing Verde procura, então, mostrar as vantagens de se adquirir um produto sustentável e estimular o interesse por tais produtos e serviços, tornando-se uma ferramenta cada vez mais estratégica dentro das empresas. Porém, deve ser usado com cautela e mostrar a realidade de cada empresa. "O Marketing Verde é uma ferramenta muito perigosa para os empresários mal-intencionados. Você pode usá-lo meramente como efeito decorativo e, no fundo, as práticas internas não refletirem esse caráter ambiental", comenta Cecília. Guerra completa: "As ações não podem ser só propaganda, elas precisam ser praticadas e vivenciadas".

*Isabela Lobo é estudante do 8º período de Comunicação Social da UFJF.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken