Terça-feira, 28 de agosto de 2012, atualizada às 19h

Intervenções viárias desagradam os ambulantes da feira da avenida Brasil

Andréa Moreira
Repórter
Audiência Pública

A feira livre da avenida Brasil voltou a ser tema de audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Nesta terça-feira, 28 de agosto, o objetivo foi discutir os problemas enfrentados pelos ambulantes da feira. Entre os assuntos apresentados, as intervenções viárias que estão sendo realizadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) foi o assunto mais polêmico. O requerimento, de autoria do vereador Francisco Canalli (PMDB), também gerou outras discussões, como a falta de banheiros químicos no local e ainda a irregularidade de alguns feirantes.

De acordo com Canalli, a feira existe há mais de 30 anos e várias famílias de Juiz de Fora dependem dela para sobreviver. "Aquele local gera uma economia enorme para a cidade e o mínimo que a Prefeitura devia fazer é oferecer condições de trabalho para aquelas pessoas. Um banheiro químico é o básico para um cidadão e infelizmente os feirantes nem isso têm."

Sobre o problema das obras, o legislador ressalta que a Prefeitura teria que ter tomado providências para minimizar os impactos causados. "Recebi o relato que vários feirantes estão sofrendo com as obras das intervenções viárias. Muitos não conseguem vender as mercadorias devido a grande quantidade de poeira."

Vander Nogueira é um dos trabalhadores afetados pelas obras. Há mais de 15 anos vendendo artesanato na feira livre, o comerciante relata que nunca sofreu prejuízos tão grandes como os recentes. "Com o início das obras, algumas das minhas mercadorias têm que ficar guardadas, pois a poeira é intensa e danifica os artesanatos", afirma.

Outro assunto levantado pelos feirantes diz respeito à possível mudança de local da feira, após as conclusões do novo mergulhão e do viaduto nas ruas Leopoldo Schmidt e Benjamin Costant. "Dizem que estão querendo nos colocar perto do Clube Tupinambás. Se isso acontecer a feira acaba, e com isso o sustento de centenas de famílias," desabafa o feirante Paulo Belarmino.

A feira

De acordo com o presidente da Associação dos Feirantes, Marcos Antônio Barreto, a feira livre de Juiz de Fora possui, atualmente, mais de 2 mil trabalhadores e gera uma renda de R$ 200 mil para o município. "Apesar destes números, os feirantes sofrem há muito tempo com o descaso da Prefeitura. Ouvimos na audiência que existem muitos feirantes irregulares, mas eu digo, todos querem trabalhar dentro da lei. Mas o que parece é que é a Prefeitura que não quer regularizar."

Além disso, Barreto afirma que no lugar não existe mais material ilícito. "Falam que lá existem peças sem comprovação, mas eu sou prova de que os próprios feirantes expulsaram vários traficantes e delinquentes daquela região", diz o presidente, fazendo referência ao local, que é frequentado por famílias. "Nós queremos sim, a normatização e a legalização total. Só que a Prefeitura tem que fazer a parte dela e nos fornecer condições dignas de trabalho", acrescenta.

A Prefeitura

O representante da Secretaria de Obras, Renato Dantas, afirmou que vai ao local nesta quarta-feira, 29, com o presidente da Associação dos Feirantes para tomar as devidas providências. "Esta audiência foi muita esclarecedora, por isso me comprometo a ir até a feira para tomar as soluções mais emergentes."

Sobre a possível mudança de lugar, o chefe do departamento de abastecimento da Prefeitura, Marcel Lima, afirmou que a Prefeitura terá que terminar alguns estudos que estão sendo realizados com várias secretarias da cidade. "Isso ainda irá demandar algum tempo para verificar se terá mudança ou não. Mas o que posso garantir é que a feira livre não vai acabar."

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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