Gasto da PJF com publicidade bancaria toda a construção da UPA NorteCom os R$ 5 milhões que serão gastos para contratar agência publicitária, seriam construídos dois Restaurantes Populares ou revitalizadas duas Praças da Estação

Clecius Campos
Subeditor
2/1/2012
Foto de propaganda da Prefeitura

Cinco milhões de reais. Este é o valor que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) espera gastar, contratando uma agência publicitária, por 12 meses, a fim de elaborar a propaganda institucional do município. O valor seria suficiente para erguer toda a obra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a ser construída na zona norte da cidade, sem que fosse necessário qualquer aporte federal ou estadual. Se, com o dinheiro, construísse, sozinho, a UPA Norte, o Executivo teria ainda R$ 910 mil de troco.

Com os R$ 5 milhões, a Prefeitura conseguiria construir dois Restaurantes Populares, com folga de R$ 980 mil, ao final das obras. Seria possível, também, revitalizar a Praça da Estação duas vezes. O trecho da Juscelino Kubitschek, entre o trevo do Distrito Industrial e a avenida Doutor Simeão de Faria, no bairro Santa Cruz, poderia ser urbanizado duas vezes, com o valor, sem depender da ajuda do governo Estadual. Os R$ 5 milhões ergueriam oito creches como a que será construída no bairro Jardim Cachoeira e poderia bancar 35% da obra do Ginásio Municipal. O futuro contrato pode comprometer até 57% de todo o orçamento da Secretaria de Comunicação da PJF.

A quantia é o valor global do Processo Licitatório 4249/2011 que irá escolher, pelo sistema de registro de preços, a empresa responsável pela execução das atividades de publicidade do município, durante período de 12 meses. Fazendo-se uma média, o repasse mensal para a empresa vencedora pode chegar a quase R$ 417 mil. A licitação ocorre no dia 1º de fevereiro, às 9h30, no prédio da PJF.

Para a presidente do Comitê de Cidadania - Comissão de Justiça e Paz, Dea Emília Carneiro de Andrade, o valor do futuro contrato é muito alto. "É um valor altíssimo em uma cidade que precisa de investimento em todas as outras áreas. Não seria uma melhor publicidade investir-se em infraestrutura? Se houvesse obras importantes sendo feitas, a Prefeitura não precisaria de publicidade. Aliás, o povo não precisa dessa propaganda toda. O que a população quer é ver as obras necessárias sendo executadas. O município gasta com propaganda, para prometer uma obra que poderia ser entregue, com o dinheiro da publicidade."

Dea Emília lembra ainda do fato de a empresa especializada em propagandas estar sendo contratada durante um ano eleitoral. "O ano eleitoral é um período de muitas limitações. Será que estimar todo esse gasto com publicidade está dentro da legislação eleitoral?"

Segundo o texto do edital de licitação, a agência de publicidade que vencer o certame será responsável por desenvolver "o estudo, o planejamento, a conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a intermediação e a supervisão da execução externa, e a distribuição de publicidade aos veículos e demais meios de divulgação, com o objetivo de difundir ideias e de informar ao público em geral".

Objetivo é melhorar a qualidade

Segundo o secretário de Comunicação da PJF, Rodrigo Barbosa, a complexidade do trabalho justificaria o valor. "Nosso orçamento para a publicidade é de quase R$ 5 milhões. O valor global é como uma referência para as empresas. Evidentemente, as agências têm maior possibilidade de negociação com fornecedores e com a mídia, o que pode nos favorecer, mas creio que a diferença para o trabalho que já exercemos seja pouca, financeiramente." Atualmente, a própria Prefeitura cria as campanhas publicitárias do Executivo e contrata as mídias. "Nosso objetivo principal é melhorar a qualidade."

De acordo com Barbosa, a contratação de empresa especializada em publicidade para produzir a propaganda institucional do município não é novidade. No ano de 2008, o último contrato firmado entre o Executivo e uma empresa privada para tal serviço acabou sendo interrompido, por suspeitas de irregularidades. Só depois que a legislação federal que define os processos licitatórios no Brasil foi alterada é que a PJF decidiu optar pela terceirização do serviço. "Fizemos, então, o novo edital que está lançado."

Campanha eleitoral

Barbosa afirma que as peças publicitárias confeccionadas pela empresa só serão divulgadas até o dia 6 de julho, data limite para a propaganda institucional de órgãos públicos, conforme determinação do Tribunal Superior Eleitoral. "Este é um ano muito restrito para a propaganda. A contratação de uma empresa não tem qualquer ligação com a campanha eleitoral."

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