Quarta-feira, 19 de dezembro de 2018, atualizada às 18h30

MPMG denuncia grupo envolvido em tiroteio no estacionamento de hospital de JF

Da redação

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra os envolvidos no tiroteio ocorrido no final de outubro no estacionamento de um hospital em Juiz de Fora. São duas denúncias com, respectivamente, sete e 12 denunciados.

Na primeira, foram denunciados os supostos empresários Antônio Vilela e Sérgio Paulo Marques Guerra, além de Nivaldo Fialho da Cunha, Jorge William Ponciano Rosa e os policiais civis de Minas Gerais Marcelo Matolla de Resende, Rafael Ramos dos Santos e Leonardo Soares Siqueira pelos crimes de latrocínio, participação em organização criminosa com emprego de arma de fogo, estelionato e lavagem de dinheiro. Os policiais civis também são acusados de fraude processual.

Na outra ação penal, o MPMG denuncia os delegados da Polícia Civil de São Paulo Rodrigo Castro Salgado da Costa e Bruno Martins Magalhães Alves e os policiais civis paulistas Caio Augusto Freitas Ferreira de Lira, Jorge Alexandre Barbosa de Miranda, Cezar Raileanu, Marcelo Palotti de Almeida, Eduardo Alberto Modolo Filho, Cristhian Fernandes Ferreira e Leandro Korey Kaetsu por lavagem de dinheiro e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. Também foram denunciados por lavagem de dinheiro os empresários paulistas Flávio de Souza Guimarães, Roberto Uyvari Junior e Mário Garcia Junior.

Entenda o caso

De acordo com o inquérito policial, Antônio e Sérgio, fazendo-se passar por empresários com alto poder aquisitivo, atraíram a atenção das vítimas Flávio, Mário e Roberto, que estavam à procura de crédito para as empresas do Grupo AJC, prometendo a realização de negócio econômico extremamente vantajoso. Assim, após a indicação de um corretor do estado de São Paulo e diversos contatos telefônicos, Flávio e Mário estiveram em Juiz de Fora, onde se encontraram com Antônio e Sérgio para acertar as bases do negócio milionário – troca de valores em taxas favoráveis (dólares por reais).

Acertadas as bases do negócio, os denunciados Nivaldo e Marcelo Mattola levaram para Juiz de Fora um veículo locado em Goiânia/GO, enquanto Antônio, Sérgio, Jorge Ponciano e Rafael reuniam-se constantemente em um apartamento alugado por Antônio para acertar os detalhes da emboscada.

No dia 19 de outubro, por volta das 11h30, Antônio, Jorge Ponciano e Rafael seguiram para o hotel onde seria feita a negociação. Já no local, desconfiaram do forte esquema de segurança dos empresários paulistas (nove policiais civis de São Paulo, os quais realizavam irregularmente escolta particular, e um segurança privado). A negociação foi suspensa por Antônio e Sérgio sob o pretexto de que precisavam conferir o valor que tinham disponível para empréstimo, saindo do hotel e afirmando que voltariam em 40 minutos. Transcorridas mais de uma hora e meia sem que retornassem, os empresários paulistas, acreditando que o negócio não seria mais celebrado, dispensaram a escolta que rumou para o aeroporto.

Um dos policiais mineiros, que ficou vigiando o hotel, verificou a partida da escolta. Então, Sérgio retornou ao hotel e convidou os empresários para verem o dinheiro que seria objeto da negociação ilícita e que se encontrava em poder de Antônio em um prédio a apenas 600 metros dali. Sérgio, Flávio, o segurança particular e um dos delegados de São Paulo seguiram caminhando até o estacionamento do hospital. Já no estacionamento, o grupo foi até o carro alugado pelos denunciados, onde Antônio abriu o porta-malas e apresentou seis malas de viagem cheias de maços de notas de R$100.

O objetivo da organização criminosa era converter em ativos lícitos o valor em espécie de R$ 56 mil provenientes de estelionatos praticados anteriormente pelos supostos empresários Antônio e Sérgio, bem como obter vantagem ilícita por meio da colocação de 147.633 notas falsas devidamente embaladas em pacotes plásticos e misturadas com notas originais, simulando o montante de R$ 14.673.300, que seriam repassadas às vítimas.

Jerônimo desconfiou da originalidade das notas, abordou Antônio e o levou para a lateral do estacionamento, onde era mais claro, quando chegaram correndo Rodrigo Francisco e Rafael, de arma em punho e gritando “perdeu, perdeu”, sem fazer qualquer alusão à condição de policiais civis. Rodrigo atirou em Jerônimo, que revidou, tendo o primeiro falecido no local e o segundo no hospital.

Poucos antes, os policiais mineiros já haviam abordado, na entrada do estacionamento, os demais integrantes da escolta dos empresários, que haviam retornado do aeroporto para o local da negociação em razão de uma mensagem enviada pelo delegado Rodrigo com a localização do grupo. Após a abordagem, os policiais civis de São Paulo foram desarmados e tiveram seus pertences recolhidos.

Sérgio e Nivaldo saíram do local caminhando calmamente, não tendo sido localizados até a presente data, mesmo expedidos mandados de prisão preventiva. Durante a troca de tiros, Antônio foi atingido no pé por um disparo de arma de fogo, sendo socorrido no próprio hospital.

Os policiais civis de Minas retiraram da cena do crime o aparelho de telefone celular que era utilizado por Rodrigo Francisco, ante a relevante quantidade de informações existentes no aparelho, que, segundo apurado, certamente comprometeriam ainda mais os denunciados. Do mesmo modo, os aparelhos telefônicos utilizados por Rafael, Leonardo e Marcelo Matolla, nos dias que antecederam o crime e no dia do evento criminoso, foram por eles inutilizados e descartados.