Concerto de canto, alaúde e cravo homenageia Alessandro Scarlatti
Um dos compositores mais prolíficos de todos os tempos será homenageado nesta sexta-feira, 26 de julho, no Teatro Paschoal Carlos Magno, como parte da programação do 30º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga – o italiano Alessandro Scarlatti (1660-1725).
Scarlatti, cujo nome verdadeiro era Pietro Alessandro Gaspari, escreveu mais de cem óperas. Se esse número já impressiona, ainda mais admirável é sua produção de cantatas: o italiano é o maior compositor de cantatas da história da música. Calcula-se que ele escreveu mais de três mil cantatas, mas “apenas” cerca de 800 composições desse gênero de sua autoria sobreviveram até hoje.
Com esta fértil produção, Scarlatti é considerado um autor de grande importância para a música lírica do período barroco, fundamental para o desenvolvimento da ópera séria e bufa. Com o concerto Ardo è per te amore, o Festival traz para o público alguns exemplares da vasta produção de cantatas de Alessandro Scarlatti. A soprano brasileira Veruschka Mainhard (foto acima) se une ao alaudista italiano Diego Leverić e ao cravista Robson Bessa (foto, abaixo), que também dirige o concerto, para apresentar as virtudes do compositor.
Dores de amor
Scarlatti produziu cantatas ao longo de toda a sua vida, destacando-se nessa forma poético-musical criada na Itália, que consiste em alternar recitativo e ária, quase invariavelmente para uma única voz com baixo continuo. No final do século XVII e início do XVIII, instrumentos obligatti passaram a ser utilizados com a função de reforçar os affetti do texto poético. Os principais instrumentos usados foram violinos, mas também estavam presentes flautas e oboés, sendo que Alessandro Scarlatti teve um papel importante no uso de instrumentos obrigados. Graças à sua requintada formação musical e poética, o compositor pôde criar novas formas musicais como o recitativo accompagnato, para suas cantatas e óperas, e também a sinfonia tripartida que abria as óperas, formas com forte conteúdo dramático.
Cantatas são imagens mentais transformadas em poesia e música, apresentadas a um público que deveria decodificar essas imagens para se encontrar com os artistas no mundo das ideias (ou parnaso, arcádia). As letras em geral tratam do amor não correspondido de ninfas e pastores, que cantam suas dores e protestos sob um pano de fundo arcádico. As cantatas escolhidas para o concerto do Festival demonstram o vínculo do autor com a Accademia Arcadia, na qual ingressou em 1706. Os temas pastoris presentes em todas elas são representados principalmente pela flauta doce, que era uma imagem, ou uma hypotyposis, da vida árcade e seus pastores, com suas dores de amor.
Alessandro Scarlatti nasceu em 2 de maio de 1660 na Sicília. Nada se conhece sobre sua família, mas sabe-se que por volta dos 12 anos ele estava em Roma, onde teria estudado música. Nessa cidade, ocupou o cargo de assistente de mestre de capela da Basílica de Santa Maria Maggiore. O compositor também atuou em Nápoles, onde foi mestre da capela real. Conquistou prestígio ao conseguir o patrocínio de mecenas como a rainha Cristina da Suécia, amante das artes e da filosofia, e a família Médici, em Florença, para quem compôs quatro óperas.
30º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga – Concerto de Canto, Cravo e Alaúde
Dia 26, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno (Rua Gilberto de Alencar, 97 – Centro, Juiz de Fora, MG)
Entrada franca (Os convites serão distribuídos no Centro Cultural Pró-Música no dia da apresentação, das 8h às 18h. Máximo de quatro convites por pessoa)
* Todos os concertos noturnos serão precedidos de palestras ministradas pelo Prof. Rodolfo Valverde (UFJF), com início às 19h, nos mesmos locais das apresentações.
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