"Desaprendendo a andar"
Walter Gama Silva lança autobiografia e dá exemplo de determinação contando sua história de vida
Repórter
26/03/2008
Walter Gama da Silva quando tinha 18 anos viu seus sonhos e ambições serem interrompidos por um acidente, que aconteceu em março de 1984. Ele sofreu uma lesão medular, ao mergulhar em uma cachoeira em Carangola e bater em um banco de areia. Ficou tetraplégico e, desde então, vem traçando uma história de superação dos limites.
Na época, Walter morava em São Paulo. É o mais velho entre oito irmãos e sempre teve que ajudar sua família. "Comecei a trabalhar cedo e a comprar minhas próprias coisas. Estudava à noite, mas era difícil conciliar. Já chegava cansado na escola"
, conta.
Depois do acidente toda a família se mudou para Juiz de Fora. "Fiquei muito tempo hospitalizado e ficar na cidade era melhor para os tratamentos de que necessitava. Depois do acidente, minha vida se transformou em um caos. Era independente e, de repente, minha família me viu esticado em um cama precisando de ajuda. Um sofrimento para todos e para mim que demorei três a quatro anos para ter certeza do meu problema"
.
Segundo ele, os médicos não lhe disseram de cara que a sua lesão era permanente. "Falaram que ia me recuperar, porque era jovem. Só depois retornei e me contaram o que estava acontecendo. Alegaram que não ia adiantar naquela ocasião me contar a verdade. Não tive acesso a informações, fui desaprendendo algumas coisas e aprendendo outras para suprir as necessidades"
.
Não podia inicialmente mover os braços, mas com a reabilitação consegue ter alguns movimentos nos membros, pegar a caneta e escrever. Depois de 15 anos, voltou a estudar. "Tinha dificuldade de encarar uma sala de aula, então fiquei parado todo esse tempo". Hoje, Walter faz curso pré-vestibular e pretende tentar ingressar na Faculdade de Comunicação. Do pai, herdou o hábito de ler e o gosto pela literatura começou na adolescência.
Segundo ele, enfrenta diariamente as barreiras arquitetônicas (leia matéria). Uma vez, só para exemplificar, tive dificuldade de subir na calçada em uma atravessia porque minha cadeira elétrica parou de funcionar. Fui pedir ajuda e a pessoas se assustou, achou que queria dinheiro. Isso acontece também por culpa da sociedade, já que encontramos muitos pedintes na rua", afirma.
Lição de vida
Para alerta jovens para sobre os riscos de um acidente e também de esclarecer os familiares para saber como lidar com parentes em situações semelhantes, Walter Gama da Silva escreveu o livro "Desaprendendo a andar", uma autobiografia.
O livro contou com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura e com as ilustrações do artista plástico Marcelo Aquino. Na capa, a figura marcante é a da radiografia de sua coluna servical. "Queria que fosse bem forte e expressiva"
.
O juizforano tem o sonho de tornar o livro um material didático para os adolescentes. "A Secretaria Municipal de Ensino está analisando e espero que alcancemos o objetivo para alertar a molecada que é muito inconseqüente"
. Além disso, pretende produzir um longa-metragem. "O projeto já está escrito na Lei Rouanet, de incentivo à cultura"
Outro ideal de Walter é lançar uma coletânea com outras vítimas de lesões medulares que passaram por dramas semelhantes. O autor deixa como mensagem a perseverança para romper barreiras.
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