Elizabeth Soares Elizabeth Soares 15/6/2010

Chefes que fazem um profissional adoecer

Pessoa trabalhandoAcompanhando e conversando com profissionais, passei a constatar que, se por um lado o estilo de liderança de um chefe pode fazer sua equipe de trabalho crescer, por outro também, pode fazê-la adoecer.

As relações humilhantes no ambiente de trabalho são tão antigas quanto o próprio trabalho em si. As relações de poder facilitam o chefe a fazer uso do chamado "abuso de autoridade" sob o pretexto de aumentar a produtividade da equipe. Desta forma, o chefe, de forma repetitiva, faz uso de palavras, gestos e mesmo atitudes que abalam a autoestima do trabalhador interferindo em sua saúde emocional e até mesmo física. A isto denominamos "Assédio Moral".

Este tema começou a ser abordado no Brasil com este nome no ano de 2000 na Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000. Desde então o assunto tem sido abordado constantemente nos jornais, revistas, rádio e televisão. Ainda no ano de 2000, foi publicado no Brasil o livro "Assédio moral: a violência perversa no cotidiano".

Veja algumas atitudes que, se praticadas de forma repetitiva pelo chefe, indicam assédio moral:

- determinar o cumprimento de atribuições "estranhas" ou incompatíveis com o cargo que um profissional ocupa, às vezes, em condições e prazos impossíveis de cumprir;
- sonegar informações úteis para o cumprimento das tarefas propostas;
- fazer comentários maliciosos, críticas repetitivas ou desvalorizar os esforços de tal modo que atinja a dignidade do profissional;
- isolar o trabalhador do convívio imediato com seu chefe, sujeitando-o a receber informações através de terceiros.
- desenhar para os subordinados cenários de pânico e terror.

Em uma pesquisa realizada também no ano de 2000 pela PUC-SP foi levantado o que homens e mulheres moralmente assediados mais vivenciam e sofrem:

- Homens:
Depressão, pensamento suicida, desejo de vingança contra o assediador, aumento do consumo de bebidas alcoólicas.

- Mulheres:
Insônia, crises de choro, palpitações, tremores, diminuição da libido e sentimento de inutilidade.

Enfim, o assédio moral pode causar nas pessoas a vergonha, a sensação de incapacidade, o isolamento, o medo, o pânico, e por aí vai, até que desenvolva alguma doença. De acordo com a opinião do jornalista Jorge Dias Souza que escreveu o livro "As Chefias Avassaladoras", o profissional deve denunciar quando a empresa tiver uma ouvidoria ou um RH realmente ativo e confiável. É vital reunir provas consistentes, bem como, buscar apoio em outros profissionais que estejam passando pela mesma situação de abuso. Entretanto, muitas empresas não se importam com a forma de atuação de seus chefes. O assédio muitas vezes é usado como "estratégia" para que o profissional coagido desista e peça sua demissão da empresa.

Se você estiver sofrendo algo semelhante, saiba que o assédio moral foi classificado pela Revista Você S/A entre as três situações mais desafiadoras no ambiente de trabalho, perdendo apenas para chefe estressado e colega competitivo. A dica dos estudiosos no tema é não desistir tão facilmente e logo pedir as contas. Você deve procurar apoio de alguém de sua confiança. Busque se fortalecer emocionalmente para encontrar uma estratégia que ajude na extinção dos chamados "chefes tiranos" cuja postura não contribui para a formação de equipes fortes para tornar as empresas competitivas no mercado. É preciso coragem!



Elizabeth Soares
Psicóloga e Coach-Executiva