Ailton Alves Ailton Alves 13/4/2009

Tudo que parece s?lido desmancha no ar

Imagem de uma bola de despeda?ando O Vasco da Gama tinha, at? outrora, uma aura espec?fica. N?o, talvez, de campe?o mas de um time ungido que tal qual Cristo teria que passar por prova?es, tentado pelos infernos e pronto para n?o sucumbir. Era o time mais charmoso, ganhador e que dava orgulho ? torcida. Bastou um jogo para tudo ruir, como um castelo de cartas.

Sendo assim, o Vasco de hoje ? o retrato fiel do t?o decantado futebol carioca: uma casca, uma ilus?o, fr?gil como ovo de chocolate nas prateleiras dos supermercados. Basta comparar os jogos das semifinais do Rio (Botafogo x Vasco e Flamengo x Fluminense) com os de S?o Paulo (Santos x Palmeiras e Corinthians x S?o Paulo).

O Botafogo ganhou bem, ? verdade, mas n?o com quatro gola?os, como nos quer fazer crer a entusiasmada m?dia. Como se toda bola chutada no ?ngulo ou sem ?ngulo tivesse que realmente ganhar a alcunha de gola?o. No primeiro gol, foi n?tida a percep??o da falta de jeito de Maicosuel com a bola: um drible aos trope?es de letra, uma caminhada tensa, cabe?a baixa, medo que a pelota escapasse, e o chute que encontrou as redes; no terceiro gol todos viram que Gabriel (que, dizem, ? um bom jogador) e Paulo S?rgio (que, com certeza, n?o ? um bom jogador) brigaram entre si e com a bola antes do botafoguense acertar o chute.

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Rog?rio Ceni ? um fen?meno. Defende, faz gols e ? um l?der nato. Ganhou tudo que podia ganhar com o S?o Paulo e acaba de lan?ar um livro contando justamente essa trajet?ria, de 18 anos de gl?rias. Para o Tricolor de Sampa ? Deus no c?u e Rog?rio nos campos da terra.

Nos ?ltimos jogos, por?m, Rog?rio vem dando sinais de esgotamento. Suas m?os n?o parecem mais t?o seguras e ele n?o inspira mais tanta confian?a. A falha contra o Defensor, na quinta-feira, foi apenas um aviso. Contra o Corinthians, no final de semana, ele, num momento, deixou que a bola escorresse perigosamente em dire??o ? trave e, depois, mergulhou a esmo, como se estivesse tonto, imaginando estar abafando uma bola que estava longe.

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Adriano nunca foi, nem de longe, o que pode se chamar de craque. Apareceu no Flamengo, como um centroavante trombador e mais nada. Foi parar na Europa porque os europeus compram qualquer jogador brasileiro - e muitas vezes se arrependem ao descobrir que igual ao que levaram h? dezenas por aqui - e at? ganhou o apelido de Imperador. Depois, Adriano (quem diria!) chegou ? sele??o brasileira e (inexplicavelmente) foi titular do escrete durante uma Copa do Mundo.

Agora, Adriano quer parar de jogar bola. Com o respeito, sempre, pelo drama humano que envolve tal decis?o a verdade ? que ele n?o far? falta nenhuma nos gramados.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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