Tupi 96 anos, Juiz de Fora 158

Ailton Alves Ailton Alves 02/06/2008

Escudo do Tupi e imagem de Santo Ant?nio N?o ? por acaso que o Tupi Futebol Clube e a cidade de Juiz de Fora comemoram anivers?rio na mesma semana.

Para ser carij? ? preciso, antes de mais nada, ter um reduto com nome de santo. Temos. N?o sei bem para qual categoria de devotos Santa Terezinha foi designada pela Igreja Cat?lica a proteger. Sei no entanto, muito bem, que s? Ela para transformar Santa Terezinha - o bairro - num local m?stico e o descuidado Sales de Oliveira em um ponto rom?ntico da cidade.

Para ser juizforano, mesmo por ado??o, tamb?m ? preciso "pegar com o santo" - no caso, Ant?nio, o padroeiro do munic?pio. S? Ele explica porque se casa e n?o se separa nunca da cidade.

Ser carij? e juizforano - ainda que s? por ado??o - por?m, n?o ? apenas viver de coisas sagradas. De profanas e sarc?sticas tamb?m. Principalmente em rela??o aos nossos rivais. Dizer que o nosso preto ? mais bonito que o verde do Sport e o nosso branco mais vivo que o vermelho do Baeta ? pouco.

? preciso ir al?m: constatar que quem nasceu para periquito nunca chega a carij?, e avisar ao tal do "Le?o do Po?o Rico", que n?o basta ter nome de tribo ind?gena para ser algo na vida. Esse mesmo tipo de pedantismo ? o que leva alguns a chamar a capital das Gerais de "ro?a grande" e, crime maior, at? negar que somos mineiros.

Carij?s e juizforanos - tamb?m os por ado??o - s?o cheios de si e de hist?rias. Reais, de fantasmas,ou quaisquer. No caso do Tupi vemos um jogo, pensando em outros, muitos outros j? acontecidos e que tecem uma teia ?nica - a que interessa. Das partidas contra os times mineiros, dos fregueses de carteirinha aos que s?o "pedras no sapato", nem ? preciso falar.

Somos mais: lembra aquele confronto ?pico contra o Sampaio Corr?a? E aquela classifica??o contra o CSA das Alagoas, em Macei?, com um gol aos 45 minutos do segundo tempo? E aquela goleada de 8 a 1 sobre o Ava?, de Florian?polis (SC)? E os duelos na s?rie C contra os paulistas Bragantino e Francana e o Americano de Campos (RJ)?

A cidade, por sua vez, aceita ser pioneira em tudo. At? - quase - no futebol, gra?as ? partida disputada no Granbery, em 1906, quando o Magn?fico Reitor disse: "No esporte ? que se forjam os homens".

Todos os que aqui vivem t?m boas recorda?es. Lembram de Toledo, J?lio Maravilha e Toledinho (s? mesmo o Tupi para perpetuar gera?es), Murilo, Jo?o Pires, Evaldo, Nequinha, Ricardo Balbino, Luiz?o, Sidney, Manoel, Pael, Mauricinho, Leo Devanir e tantos outros. Tamb?m na mem?ria a Capela, Galeria de Arte na Rio Branco (hoje um banco) e mais adiante (no pr?dio atual de uma financeira) o bar, Esperan?a, o ?ltimo que fechava e onde nos perd?amos.

Em 96 anos de vida, os carij?s dominaram todos os espa?os da cidade. Desde sempre o Sales de Oliveira; quando preciso, o Proc?pio Teixeira e agora o Est?dio Municipal Radialista M?rio Hel?nio. Se bobearem tomaremos conta at? do Paiz Soares quando, daqui a d?cadas, o Tupynamb?s estiver no nosso mesmo patamar.

Em 158 anos de hist?ria, a cidade fez o bastante para tomar todos os espa?os no cora??o dos juizforanos - at? mesmo os por ado??o.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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