Esmaltes com composição química inadequada podem causar alergia e câncerPesquisa desenvolvida pela Pró-Teste avaliou três marcas de esmaltes e percebeu a presença de substâncias prejudiciais à saúde. Veja que produtos evitar

Aline Furtado
Repórter
6/5/2011
Esmaltes

O hábito de fazer as unhas e pintá-las com esmaltes é tão comum que as mulheres não param para pensar na composição química presente na fórmula do produto. De acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pela Pró-Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, alguns esmaltes podem provocar alergia e câncer.

Segundo a análise, substâncias que podem ser prejudiciais à saúde foram encontradas na maioria dos produtos testados. A pesquisa analisou 12 tonalidades próximas à cor branca das três marcas mais vendidas no país, Colorama, Risqué e Impala. Entre os itens avaliados, de forma comparativa, estão a durabilidade, a abrasividade, o tempo de secagem e o brilho.

Entre as substâncias prejudiciais à saúde está o toluene, encontrado em grande quantidade na maioria dos produtos. Outra substância analisada é o foramdibutyl phtalate, que foi banido em cosméticos, inclusive esmaltes, em toda a Europa. Já o nitrotoluene, o toluene e o furfural são compostos comprovadamente cancerígenos, segundo informações da Pró-Teste. 

Conforme as análises realizadas, os produtos da Impala, inclusive os da linha hipoalergênica, contêm dibutylphtalate e toluene em concentrações muito altas e os produtos tradicionais da Risqué apresentam nitrotoluene e toluene em grandes quantidades. A pesquisa concluiu, ainda, que toda a linha da Colorama é antialérgica, embora os rótulos não informem isso. Já os esmaltes da Impala,
que se dizem hipoalergênicos, têm substâncias que causam alergia.

O resultado da pesquisa foi enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério Público Federal, solicitando que o setor produtivo no Brasil não utilize as substâncias. Além disso, a instituição solicitou que sejam retirados do mercado os esmaltes que contenham tais substâncias ou que sejam alteradas as suas fórmulas o quanto antes, para evitar que usuários desses produtos e prestadores de serviços, como manicures e pedicures, tenham sua saúde comprometida.

Confira a pesquisa feita pela Pró-Teste (clique para ampliar)

Tabela
Alergia

Entre os indícios de que a pessoa é alérgica a esmaltes estão coceira na pele do pescoço, assim como ao redor das pálpebras, além de inchaço e descamação no local. "São locais em que a pessoa frequentemente passa a mão, o que faz com que as substâncias presentes no esmaltes se espalhem. É uma dermatite de contato", explica a dermatologista Vânia Piccinini.

Ela lembra que a alergia pode se manifestar por meio de manchas esbranquiçadas nas unhas. "Enfraquecimento e manchas brancas, além de unhas quebradiças, podem ser sinais de alergia a esmaltes." Contudo, ela lembra que manchas esbranquiçadas não tem como causa única a alergia.

Vânia explica que o diagnóstico é feito por meio de um teste alérgico, realizado com adesivos que contenham substâncias diversas colados na pele do paciente, a fim de que sejam avaliados possíveis quadros de dermatite de contato. A médica explica que as principais substâncias causadoras de alergias estão o formaldeído e o toluene.

Segundo a médica, não existe cura e a única forma de evitar manifestações alérgicas é suspender o uso de esmaltes para sempre. "Como se trata de reações imunológicas e as células têm uma espécie de memória, não dá para ficar um tempo sem utilizar esmaltes e voltar a usar depois." A saída, nestes casos, é fugir dos produtos que contenham as substâncias que causam alergia, passando a usar os esmaltes hipolergênicos.

Risco de câncer

A dermatologista explica que as substâncias químicas presentes nos esmaltes, assim como qualquer produto químico, podem desencadear vários tipos de câncer. "Mas é importante lembrar que não só o fator químico é responsável pelo surgimento da doença, já que existem também as pré-disposições genéticas, ou seja, há elementos químicos e físicos envolvidos."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken