Sábado, 16 de maio de 2015, atualizada às 14h09

Zico relembra detalhes de partida histórica em Juiz de Fora

Lucas Soares
Repórter

O maior ídolo da história do Flamengo, Zico, concedeu entrevista coletiva na manhã deste sábado, 16 de maio, e falou sobre a expectativa para a partida desta tarde, em comemoração aos 25 anos de sua última partida como profissional do Flamengo. Entre os assuntos abordados pelo Galinho de Quintino, estão a expectativa do jogo, a visão do futebol do interior, o amor pelo Flamengo e lembranças do jogo de dezembro de 1989. Confira os principais trechos da entrevista.

Jornalistas - Qual a emoção de retornar ao gramado onde você fez seu último jogo profissional?

Zico - Passa um filme na cabeça, principalmente por estar com meu neto aqui. Foi um bom momento.

Em campo hoje você vai jogar ao lado de outro grande camisa 10 do Flamengo, o Petkovic. Você vai deixar ele cobrar alguma falta?

Deixo, claro que deixo. Eu já nem cobro mais falta e pênalti. Agora é só divertir um pouco, estar ao lado desse pessoal todo. É uma turma grande e a gente se diverte muito quando faz esse tipo de jogo. É um jogo sem pancadaria, que todo mundo curte. E acho gratificante estar ao lado dessas pessoas.

Teve alguma história de bastidor naquele jogo?

Eu já tinha me preparado para aquele jogo como profissional, a cabeça estava boa. Sempre se fica pensando muito naquilo. Eu havia organizando uma competição no Rio, e naquele dia era a final. Eu fiz esse jogo bem cedo, não vim com o time para me concentrar aqui. Era o último jogo do Campeonato Brasileiro, o Flamengo já estava fora e peguei o carro e vim pra cá com meus filhos pra cá, vim direto pro estádio. Isso foi bom porque me relaxou, o homem lá de cima me abençoou e pude fazer um golzinho. A despedida, no Maracanã, foi mais complicado, com quase 100 mil pessoas no Maracanã.

Como você vê o futebol do interior e o calendário do futebol brasileiro hoje?

A gente tá feliz. O Tupi conseguiu passar na Copa do Brasil, dando um bom exemplo para todos. Reforça a tese de que as equipes do interior, apesar das dificuldades na parte econômica, sabe-se que não se ganha campeonatos só com altos custos. Quando a coisa encaixa, tudo funciona. Nós já tivemos equipes menores que conseguiram superar o grande, como a Caldense. Um trabalho sério, bem pensando, com respeito e disciplina, pode-se conseguir resultados. Aquele que consegue manter o equilíbrio do início ao fim, leva a taça. O calendário de hoje é muito mais racional do que na minha época. Hoje se pode planejar, na minha época a gente não sabia onde íamos jogar na próxima semana. Evoluiu e eu acho que ninguém tem do que reclamar, ainda mais porque aumentaram o período de preparação.

Falta de Camisa 10.

Eu sofri muito disso na Seleção e muitos sofreram, comparando com o novo substituto do Pelé. Mas quando a gente faz as coisas, não se pode pensar no futuro. Quem vier, as pessoas vão falar disso. A minha parte já foi feita, outros que venham, que façam e tenham essa responsabilidade. Já tivemos casos de jovens e atletas mais tarimbados que não quiseram botar a camisa 10 do Flamengo. Eu lamento por ter deixado esse peso, mas fiz o trabalho com todo amor e respeito ao meu clube do coração.

Em 2013 você anunciou que não jogaria mais em atividades festivas. O que te fez mudar de ideia?

O Ademir da Guia, com 72 anos. Ele não fez seis cirurgias como eu, mas eu gosto de jogar minhas peladas, vou jogando até onde der. Os médicos estão loucos, querem botar prótese, mas eu vou levando. Não estou sentindo dor, está tudo bem.

O que você mais se orgulha de ter feito no futebol?

Ter jogado com a camisa 10 do Flamengo. Eu sou de uma família de rubro-negros, todo filho que nascia, meu pai dava um uniforme completo. Quando eu estava começando a falar, Dida foi uma das minhas primeiras palavras, e eu tinha esse sonho de vestir a camisa do ídolo. Quando vesti, fiz por onde e justifiquei aquilo.

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