Voluntário Gedair Reis comemora a indicação para conduzir a Tocha Olímpica
Editor
13/05/2016
A indicação para ser um dos condutores da Tocha Olímpica neste domingo, 15 de maio, em Juiz de Fora, marca, também, os 15 anos do técnico administrativo e guia de portadores de necessidades especiais, Gedair Reis, como voluntário no projeto Artistas do Bem. "Fui indicado por um amigo de corrida para ser uma das pessoas que vai carregar a tocha. Recebi alguns e-mails falando da indicação e querendo saber a minha história. A emoção é muito grande. A expectativa maior é que os jogos nos tragam paz e união, que é o objetivo das Olimpíadas, tanto é que ela iniciou na Grécia, devido às guerras, justamente para termos instantes de paz, e quando a tocha passava nas cidades era para anunciar que estava aproximando os dias dos Jogos Olímpicos. Hoje, com a internet, tudo é mais rápido e não precisaria disso, mas esse simbolismo permanece. É uma chama que não se pode apagar. Tem que continuar acessa para o resto da nossa vida", diz o voluntário, natural de Manhumirim.
Gedair, que é um atleta de corridas de rua muito conhecido na cidade, afirma que não perde uma prova, seja para disputar ou para prestar o serviço voluntário como guia dos corredores cegos. "Quando pensamos que estamos ajudando, estamos é recebendo." Segundo ele, o interesse em ajudar nas corridas começou em 2011, após alcançar o título de 23º melhor maratonista do Brasil. "Eu percebi dois deficientes visuais com um guia e fiquei sabendo que estava faltando guias voluntários, foi aí que resolvi aprender a atividade e estou até hoje", revela o atleta, afirmando que não pretende largar a função.
Como guia, Gedair lembra um momento emocionante em ajudar um deficiente na cidade de Lima Duarte, na Segunda Semana Paralímpica de Juiz de Fora. "Fiz um desafio e o deficiente visual correu apenas ouvindo minhas palmas, sem a necessidade de segurar o meu braço. Deu tudo certo e a emoção foi enorme. No final da corrida ele falou que sentiu uma sensação de liberdade muito boa."
Sobre as expectativas de domingo, Gedair diz que está muito feliz pelo trajeto que vai fazer. O atleta fará o percurso de condução da tocha às 18h43 em frente ao Colégio Santa Catarina em direção ao Museu Mariano Procópio, mas revela que estará no local a partir das 16h30. "Eu torcia para ficar no Museu ou no Cine-Theatro Central, pois são os dois lugares que eu mais gosto em Juiz de Fora. O teatro porque é belo e o Museu, por ser fonte de inspiração dos meus textos, trabalhos e corridas.
Artista do Bem
"Quando começamos, não sabíamos o que era o trabalho voluntário. À época, visitamos a primeira instituição, que foi o Abrigo Santa Helena, e gostamos. No mês seguinte marcamos outra visita. Levávamos carinho, abraços e assim surgiu os Artistas do Bem. Hoje vemos que quando começamos a doar, recebemos em dobro", diz Gedair, sobre o projeto que existe há quinze anos na cidade.
De acordo com o corredor, durante essa trajetória, o grupo realizou uma visita por mês. "O interessante é que não anulamos nossas atividades. Conseguimos conciliar todos os afazeres, mas agora resolvemos desfazer o grupo e cada integrante segue com seu projeto na cidade. Eu por exemplo, faço as mágicas e levo alegria para as pessoas, porém, no primeiro domingo de dezembro, vamos nos reunir para fazer o nosso tradicional Natal na Casa São Camilo de Lellis."
Entre os momentos marcantes, Gedair recordar que "em uma dessas festas, um cadeirante balançava a mão na hora que estávamos saindo, daí me aproximei e ele me puxou e deu um beijo na minha mão. Na Ascomcer, um adulto falou comigo depois do show de mágica: 'hoje vocês fizeram eu esquecer a minha dor'. Já tem dez anos que ouvi essa frase e ela ficou guardada na minha mente. Também na Ascomcer, o pai de uma criança solicitou que eu fosse até o hospital, pois uma criança queria conhecer o mágico. Quando cheguei lá, o homem me abraçou e agradeceu, em lágrimas, por eu ter realizado o sonho do garoto. Quem me dera ser um mágico... eu sei apenas alguns truques. E nós estamos carentes de coisas pequenas. O nosso trabalho não é para que quem executa aparecer, mas que o trabalho apareça. O importante é o trabalho e não o trabalhador."
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