Empresas devem celebrar final de ano junto aos colaboradoresCaso a empresa não tenha recursos para promover uma festa, é importante distribuir brindes úteis aos profissionais

Aline Furtado
Repórter
12/12/2011
Foto de festa

Final de ano é época de celebrar com a família e os amigos. Este período do ano deve ser aproveitado, ainda, pelas empresas para promover a confraternização entre os colaboradores.

"Alguns empresários questionam a necessidade de celebrar. É simples. Final de ano é quando se celebra o aniversário da humanidade e o aniversário de Jesus. Por que não comemorar? As pessoas brindam o próprio aniversário uma vez por ano, como a empresa não costuma celebrar a data, o fim de ano é uma hora propícia", aponta o médico especialista em comportamento humano, Carlos Antônio de Souza Lima.

Segundo ele, a confraternização é bem-vinda, mas devem ser tomados alguns cuidados para que a festa seja um sucesso. "Um dos pontos principais é realizá-la fora do ambiente de trabalho. Além disso, é importante que a festa não ofereça bebida alcoólica, a fim de que problemas sejam evitados. Outra questão é que os empresários saibam lidar com a premiação de forma adequada. Algumas empresas que já oferecem ao colaborador a participação nos lucros e resultados [PLR] anuais optam por não premiar no final do ano."

Conforme a assessora de desenvolvimento humano de uma empresa da área da saúde, Aline Zampa, mesmo com a empresa oferecendo a PLR e uma cesta de Natal, é promovida, ao final de cada ano, uma festa que reúne 83% dos colaboradores. "A participação é grande, o que demonstra o interesse do colaborador, afinal, é o momento de reunir, de descontrair e de conhecer melhor os colegas de trabalho, o que melhora, de forma direta, o relacionamento profissional. Por sua vez, para a empresa, se o clima está bom entre os colaboradores, a produção tende a ser maior e, consequentemente, os resultados."

Festa ou brinde

No caso de empresas que não dispõem de receita suficiente para a realização de uma festa, deve-se optar por oferecer brindes com valor simbólico. "Mas nada deve ser perecível, como aves, bombons ou bebidas. O que deve ser ofertado aos colaboradores é algo útil, como canetas, camisas, bonés etc. Além disso, nada de brindes como calendários, que podem não ser úteis para alguns." Uma saída para esses casos, segundo Lima, é, ainda que não haja a festa, liberar os colaboradores mais cedo e entregar o brinde às vésperas do Natal.

Família é família, empresa é empresa

O médico lembra que a confraternização é importante porque faz com que os colaboradores saiam do seu papel, passando a assumir outros. "É um momento de descontração, do qual familiares podem participar." A festa seria uma forma de a empresa reconhecer a participação de seus colaboradores ao longo de todo o ano. "A festa é uma forma de declarar que a missão foi cumprida e promover a necessidade de renovação das energias para o ano que está chegando", destaca Aline.

Para Lima, é natural que o funcionário espere por algum tipo de reconhecimento. "O colaborador é movido pelo reconhecimento, que pode vir em forma de elogio. Mas é importante ressaltar que o ambiente de trabalho, ao longo de todo o ano, deve ser agradável, que sugira a celebração, mas sem aquela história de que a empresa é uma família. Família é família, empresa é empresa."

Celebração pode ser reconhecimento

Lima destaca que existem quatro formas usadas como tentativa de demonstração de reconhecimento pelo esforço do colaborador. "Das quatro, apenas uma é eficaz." Uma delas seria a premiação, que, de acordo com ele, pode desmotivar, já que é capaz de criar certo grau de dependência. "O funcionário só rende se for receber um prêmio em troca." Para o médico, a política de premiação por performance é uma forma de prostituição comportamental.

Outro método seria a heterocomparação, que consiste no ato de comparar as pessoas entre si. "Isso gera um sentimento de inadequação capaz de arranhar a autoestima." A terceira seria a cobrança exagerada, que faz com que haja forte tendência à sabotagem. Por fim, a celebração, a forma mais eficaz de reconhecer a dedicação do colaborador. "Ações de motivação não só servem como forma de manutenção e atenção aos colaboradores, como também voltam-se diretamente para o desenvolvimento dos profissionais", afirma a integrante do setor de recursos humanos de uma instituição de ensino, Lívia Almada.

A entidade promoveu, recentemente, a festa de confraternização que reuniu seus colaboradores e mais outros de duas unidades de saúde. "Buscamos motivar ao longo do ano, com a realização, uma vez a cada mês, de uma festa de aniversariantes do período e com processos seletivos internos, além da promover a festa de final de ano, a distribuição de cestas de Natal e a festa de finalização da gestão da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes."

Sorteios

O médico afirma que, assim como outras tentativas de demonstrar reconhecimento, os sorteios de brindes também podem não ser positivos. "Premiar alguns apenas não é uma postura interessante. Se o sorteio for, por exemplo, entre os funcionários que tiveram destaque, o clima pode ficar ruim. Ao contrário de um sorteio que não foi anunciado antes. Isso, sim, pode ser encarado de forma positiva."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken