Ana Rosa, a veterin?ria adolescente

28/02/05

Quando minha fam?lia mudou de uma casa para um apartamento, passei a dividir o quarto com a minha irm? mais nova, a Ana Rosa, que estava com 12 anos e desde bem pequena queria ser veterin?ria.

Determinada, ela come?ou a treinar desde cedo. Al?m de ser apaixonada por animais ela gostava de experimentar uni?es variadas em mesmo ambiente. Isto quer dizer que ela levava qualquer coisa para criar no seu quarto...

O fato de eu morar tamb?m ali, tentando estudar para o vestibular, era para ela apenas um acaso. Me transformei em sua assistente pessoal n?mero um, sem direito a voto!

Para Ana Rosa, toda veterin?ria precisava entender da sa?de do maior n?mero poss?vel de animais e por esse motivo, ela come?ou a cri?-los, desde os sete anos. Iniciou, ent?o, uma hist?ria de alegria e drama para minha fam?lia, que viu desfilar dentro de casa papagaios, pregui?as, porquinhos da ?ndia, lagartos e bodes.

Tudo come?ou com o apoio de meu pai - para o completo desespero de minha m?e, que se viu impotente ao perceber que n?o tinha o menor controle da situa??o. Isto desde que os ratinhos brancos (os hamsters ) fugiram e se esconderam dentro do seu guarda-roupa, sem que fosse poss?vel encontr?-los. Fato ? que a fam?lia passou a conviver com os mais variados bichos e minha m?e com as roupas ro?das.

Nada era simples, como as op?es de ter um cachorrinho ou um peixinho. Portanto, era bobagem que eu, Camila, pudesse abrir a boca para discordar sobre qualquer novo habitante em meu quarto. Antes que pudesse perguntar: - "Nossa, que bicho ? esse?" Outro j? passava pulando!

Foto: Ana Rosa ficava atr?s, ocupad?ssima, ora tentando recuperar o grilo que seria o almo?o da cobrinha Lucr?cia, uma falsa coral de cores vivas, que ela usava como pulseira enroladinha no bra?o. Coisa de veterin?ria fashion ? claro!

Foto:www.morcegolivre.vet.br Lembro que foi na mesma ?poca em que o morcego Murdox, criado e crescido no quarto, ganhou a liberdade, voltando ?s vezes para dizer um "oi" em um flap-fiap/circular pela sua antiga casa. Com a chegada da coruja Coralina, que ocupou seu territ?rio, isto nunca mais voltou a acontecer.

Por incr?vel que pare?a, ficou a saudade do tempo em que o morceguinho tomava mamadeira em nossas m?os, apesar dele ter um cheiro horr?vel, tipo fedor mesmo. O fato ? que nossa nova coruja Coralina encarou o Murdox e ele nunca mais voltou, apesar da amizade que nos unia.

Coralina, no entanto, teve que conviver com o P?scoa, nosso gordo coelhinho espa?oso, sempre a olh?-lo com um balan?ar de cabe?a, como se estivesse a decidir se aquilo era comida ou n?o. Como era bem alimentada com ovos cozidos, Coralina foi perdendo o interesse pelo nosso pouco atl?tico P?scoa. O roedor passou a se arrastar despercebido pelo quarto, tamanho o peso do barrig?o.

Foto:http://www.ocoelhodapascoa.com.br Do coelho tenho boas lembran?as, pois todas as manh?s com ele me acordava. O guloso, sem Ter o que comer, sempre acabava engolindo uma mecha do meu cabelo comprido. Ia lentamente engolindo uns gominhos, sem cort?-los, chegando ao meu couro cabeludo, at? me despertar! Com bastante sono e nojo, empurrava-o devagar, ficando nas m?os com uma mecha de cabelo babado de coelho e rezava para que aquilo fosse um sonho.

De nada adiantava eu mudar o xampu ou, para o meu desespero, passar vinagre na cabe?a. O raio do coelho s? queria engolir o meu cabelo, deixando pra l? o cabelo tamb?m comprido de Ana Rosa, que dormia tranq?ilamente, sem ter no ouvido a respira??o de um coelho ligeiramente engasgado de tanto estocar cabelo.

O coc? da coruja, em cima do guarda-roupa, e o coc? do coelho, debaixo da cama, fez minha m?e ter outro ataque daqueles! De nada adiantou... T?o logo a m?e reclamava, outros bichos apareciam, como que por encanto, ningu?m sabendo ao certo de onde haviam sa?do. A cobra Lucr?cia e o macaco Feij?o, depois batizado de Fuj?o, foram as encrencas na seq??ncia de bichos de estima??o que, mais uma vez, deixaram minha m?e enlouquecida em seu lar virado e revirado... Mas essa ? uma outra hist?ria, que por sinal transformou Ana Rosa na inimiga n?mero um do pr?dio em que mor?vamos. Mas fica para outra vez, porque agora tenho que dar comida para o jabuti

Autor: R. de Mattos
Revis?o: William C. C. Almeida
* Sociedade Juizforense de Prote??o aos Animais