Casais contam como equilibram a vida profissional com a afetiva
Ana Letícia Sales
30/04/02
Ascensão na carreira é um desejo comum às mulheres nos dias de hoje. Mas o que fazer quando é preciso conciliar o emprego com o relacionamento amoroso? O que pesa mais: o coração, o bolso ou a realização profissional
Em alguns casos, a carreira chega a dificultar o relacionamento. A dentista juizforana Maria de Lourdes dos Santos é casada há 16 anos com Paulino, que trabalha na Vale do Rio Doce. Quando se casaram, Maria deixou Juiz de Fora, para morar com o marido em Carajás, no Pará. Mas ela sempre teve vontade de retornar para Minas Gerais, onde sua carreira teria mais chances de crescer. "Ficar distante dos familiares, em um lugar de cultura tão diferente, também era um grande sacrifício", explica.
Após três anos, Paulino conseguiu transferência e, atualmente, eles moram em Conselheiro
Lafaiete, interior de Minas. "Vimos que era melhor criar os filhos perto de
nossas famílias, que estão em Juiz de Fora", afirma Lourdes, que conseguiu
adaptar sua carreira de dentista a todas essas mudanças.
A psicóloga, Luziene de Carvalho Caruso, explica que os casais devem tentar negociar a relação antes mesmo do casamento. "É necessário que eles se preparem para as surpresas da vida a dois. A relação de poder no matrimônio precisa ser revista, para que o relacionamento não se dissolva com o tempo", alerta. Homens e mulheres não imaginam as cobranças e dificuldades após a união matrimonial.
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![]() O casal Maria de Lourdes e Paulino, a filha caçula Isabela e o sobrinho Guilherme |
Casamento de final-de-semana
Mas o empecilho pode estar no emprego de cada um. Certos casais, mesmo
morando juntos, só se encontram durante só nos fins-de-semana. Nívea
e Guilherme são um exemplo. Juntos há seis anos e com um filho de cinco,
eles chegam a ficar quase uma semana sem se encontrar. Ele é piloto de avião
e faz viagens internacionais. Ela trabalha como assessora de imprensa em
Juiz de Fora.
Entre uma viagem e outra, Nívea cuida da casa, do filho e
ainda arruma tempo para estudar e trabalhar. "Já passei por momentos
difíceis, como na época dos atentados em Nova Iorque. O Guilherme estava no
Japão e todos os vôos foram cancelados. Nós ficamos quase um mês longe um do
outro", conta ela, que costuma ir nas viagens do marido, quando consegue uma
folga. Neses casos, a mulher é sempre muito pressionada. Luziene afirma que, quem abre mão da carreira, geralmente, é a esposa.
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Acordos entre as partes
"Em relacionamentos assim, é importante que os dois conversem sobre as
prioridades e façam acordos", aconselha a psicóloga Luziene. Além disso, o trabalho precisa ficar fora de
casa. Discutir sobre o dia estressante ou a bronca do chefe, nem pensar! O
casal deve investir na qualidade do tempo que passam juntos. E o mais
importante: devem ser atenciosos aos problemas e prioridades de cada um.