Fernando Agra Fernando Agra 10/9/2010

Quem são os verdadeiros terroristas?

IlustraçãoHá 9 anos, num 11 de setembro, o mundo foi surpreendido com a tragédia que ocorreu nos Estados Unidos, em que terroristas, em cenas cinematográficas, sequestraram aviões e os colidiu em seguida em prédios ocupados por milhares de pessoas. Confesso que, na época, a priori, fiquei atônito com tamanha ousadia, entretanto, passando alguns momentos após assistir a todo o sensacionalismo da televisão e a hipocrisia de alguns que manifestaram publicamente o pesar, refleti: quem são os verdadeiros terroristas, será que são aqueles que derrubaram as torres nos Estados Unidos ou aqueles que desviam milhões de recursos públicos e contribuem para o aumento da pobreza, da miséria, da violência, do desemprego aqui no Brasil e também a economia mundial (basta olhar a miséria que assola o continente africano há anos)?

Inicialmente, antes de discorrer sobre esta indagação, é necessário dizer que sou contra a qualquer tipo de ataque terrorista que destrói vidas humanas. O que aconteceu nos Estados Unidos realmente foi para chocar todo o mundo. As imagens mais pareciam cenas de cinemas, com seus efeitos especiais. Foi chocante observar o avião que se desviou em direção à torre e em seguida, aquela chama clareou os céus, e abalou toda estrutura do prédio (colocando as pessoas em pânico, muitas das quais pularam pelas janelas de andares estratosféricos), que em seguida veio abaixo.

A partir de agora, quero chamar atenção para alguns detalhes que não podem passar despercebidos. Não é todo dia que um avião cruza os céus em direção a um arranha-céu para se chocar e destruir milhares de vidas. Por essa razão é que tal fato chocou o mundo todo. Mas há fatos também tão semelhantes quanto este, que vitima milhares de indivíduos (bem mais do que o contingente que estava naquelas torres) e passam despercebidos por quase todos nós. Caros leitores, hoje ainda existem milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, sobrevivem na miséria, passam fome e não têm o mínimo necessário para garantir o que lhe é de direito. Isso por conta de uma parcela da sociedade que se apropria indevidamente do dinheiro público em benefício próprio. Então, o estrago causado por estes terroristas causam muito mais danos do que os ataques dos terroristas do Oriente Médio.

Tem havido cada vez mais uma inversão de valores na sociedade, ou seja, o que certo está tem se tornado errado e o que é errado está tornando-se certo, e isso faz com que a população se acostume: em ver mendigos por toda a cidade; em ver a falta de segurança que faz com que os sequestros, assaltos e mortes aumentem cada vez mais; em ver o desemprego crescer; em ver cada vez mais o arrocho nas contas públicas, diminuição dos os recursos para as obras sociais para que sobrem recursos para garantir o pagamento dos juros da dívida; em suma, muita coisa errônea tem sido passada para a população como se fosse certa. Isso faz com que a população não se assuste mais com esses fatos mencionados e somente se apavore com catástrofes com a ocorrida há 9 anos nos EUA.

Em suma, não se quer fazer apologia ao terrorismo. Foi uma atitude tremendamente covarde à ocorrida nos Estados Unidos. Milhares de inocentes perderam suas vidas. O que se quer chamar atenção é o seguinte: qual a diferença entre um suicida que choca um avião em torres (destrói sua própria vida e a de milhares) e um indivíduo corrupto que abocanha indevidamente, milhões de reais, e faz com que milhares de pessoas morram de fome? A diferença é que o suicida ao chocar o avião com os prédios tirou a vida de milhares e a sua própria. E os usurpadores do dinheiro público, que são verdadeiros terroristas, tiram vidas de milhares, mas não se suicidam.



Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.

 


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