Indigna??o - Revolta - Perplexidade e decep??o

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
Enviado ? Reda??o
Dezembro/2006

? o que nos invadem e a muitos de nossos compatriotas, neste fim de ano, trazendo sombras e trevas na alegria e nas luzes do nosso NATAL. Como podemos desejar "Feliz Natal ou Feliz Ano Novo aos nossos irm?os", se ao nosso redor grita a injusti?a. O distanciamento do povo e de muitos de nossos representantes pol?ticos diante do novo aumento salarial aprovado por parlamentares brasileiros em benef?cio pr?prio na esfera federal, com efeitos nos Estados e Munic?pios?

? vergonhosa tal atitude e imoral, N?o podemos ficar calados. Seriamos omissos. "Eles foram eleitos pelo povo para o poder-SERVI?O. Um sal?rio de R$ 24.500,00, diante do sal?rio m?nimo de apenas R$ 350,00, sinaliza mais interesses particulares do que a defesa da justi?a ou gesto de partilha em solidariedade ? popula??o empobrecida".

Realmente necessitamos urgentemente de uma Reforma Pol?tica, mas n?o feita por esses parlamentares. Precisamos de instrumentos legais para inibir decis?es como esta que obscurecem a dignidade pol?tica.

Diante da realidade de nosso povo, nada justifica tal aumento. "? uma atitude que fere a comunh?o com o esp?rito das elei?es; essa decis?o ofende, gravemente, a justi?a e a paz".

Esper?vamos e esperamos que nossos parlamentares, lembrados de que foram eleitos pelo povo, deveriam e devem exercer seus mandatos prestando servi?o a todos, na fidelidade com os princ?pios ?ticos, com compromisso e responsabilidade social.

N?o se pode aceitar que legislem em causa pr?pria. Nas nossas orienta?es, em sintonia com as da CNBB, antes das elei?es, sempre afirm?vamos e exort?vamos que, o nosso compromisso e dever c?vico n?o terminaria com o voto depositado na urna eletr?nica no dia das elei?es, pois, o voto tem conseq??ncias e que dever?amos acompanhar ?queles a quem delegamos poderes. E a? est? ?t?o importante quanto o voto consciente ? a participa??o cidad?, do eleitor, que se d? todos os dias, acompanhando os eleitos, fiscalizando os poderes, reivindicando e lutando por seus direitos". Agora tamb?m, em sintonia com a presid?ncia da CNBB, deixamos p?blica a nossa indigna??o, revolta perplexidade e decep??o com os fatos pol?ticos do momento.

? momento de nos comunicarmos com os deputados nos quais votamos e manifestarmos a eles nossa insatisfa??o e expressarmos, com veem?ncia, o pedido de que voltem atr?s como gesto de repara??o dentro do Esp?rito de Natal e respeito aos mais pobres da Na??o.

Ouvimos nesse domingo, dia 17, o que Jo?o Batista respondia com simplicidade, aos que lhe perguntava "o que devemos fazer?" Oferecia-lhes crit?rios ?ticos de a??o para a defesa da dignidade humana; a partilha, a justi?a e o poder como servi?o. A todos que o perguntavam "o que devemos fazer", ele dava a sua resposta direta, objetiva, mesmo tocando a "ferida" de cada um.

A? est?, meu prezado leitor, a manifesta??o p?blica do cidad?o, do Bispo, do Pastor, Dom Eurico dos Santos Veloso, embora n?o lhe tenham perguntado o que se devia fazer.