Iacyr Anderson
Poeta lan?a A Soleira e o S?culo
uma obra inovadora em sua carreira liter?ria

Deborah Moratori
25/11/2002

Com 20 anos de carreira - na verdade 22 j? que o primeiro livro, publicado aos 17 anos, foi retirado da biografia - o poeta Iacyr Anderson Freitas, mineiro de Muria? e radicado em Juiz de Fora, lan?a
A Soleira e o S?culo, sua 14? obra de poesias.

Desde pequeno ligado a livros e leituras, o poeta n?o descarta a influ?ncia do av? materno que o fez despertar para a literatura. "O escritor tem que ser antes um leitor extremamente dedicado. N?o se escreve sem uma carga de leitura anterior. No fundo, v?rios de nossos textos s?o di?logos com textos anteriores". Citando o poeta Carlos Drummond de Andrade, Iacyr resume. "Escrever ? cortar palavras".


Isolamento art?stico
Apesar de todo o reconhecimento pela obra n?o s? na ?rea de poesia, mas tamb?m nos textos cr?ticos, Iacyr tem consci?ncia do isolamento da literatura. Ele diz: "A impress?o que o poeta tem ? que a gente escreve para ningu?m ou talvez para outros poetas. O leitor acidental ? muito raro. A gente tem consci?ncia desse isolamento. Primeiro, porque o texto que n?s oferecemos ? muito diverso dos textos para liter?rios. O leitor de poesia n?o entra para confirmar expectativas. Ele ? obrigado a ocupar espa?os, as descontinuidades do texto. Ele ? exigido no processo de interpreta??o. Nada ? mais avesso ? poesia do que voc? ter um leitor passivo".

Segundo Iacyr Anderson, "o leitor diante de um texto liter?rio tem que ser sempre um leitor ativo, disposto a fundir o horizonte cultural dele com o horizonte cultural referido pelo texto. Esse encontro ? sempre rico e imprevis?vel. Mas o nosso mundo ? feito para o consumo imediato. E a literatura se op?e conscientemente a isso. E, ao se opor, ela tem consci?ncia de seu isolamento".

De qualquer forma, os pr?mios, revela o poeta, serviram como um est?mulo para continuar a escrever. "Tudo nos convida a parar. E o reconhecimento funcionou como sinal de que minha decis?o estava errada". Hoje, ele diz, prefere escrever em um ritmo menor, quando o trabalho de compor suscitar algo novo.

? prova de receitas de sucesso
Iacyr est? sempre disposto a romper barreiras. O poeta ressalta que o novo trabalho n?o se disp?e a inaugurar temas, muito pelo contr?rio. "Os grandes autores sempre trabalharam com temas universais que n?o foram respondidos, como a morte e o amor". Na verdade, o livro representa a vontade de o poeta mudar o perfil da obra. "Escrever, para mim, ? sempre testar um limite, for?ando ao m?ximo a linguagem, tentando condens?-la, avilt?-la".

A Soleira e o S?culo ? considerada um divisor de ?guas na carreira liter?ria de Iacyr. A obra surge da preocupa??o de o poeta n?o repetir f?rmulas j? que at? 1993 v?rios de seus trabalhos tinham obtido reconhecimento. A acomoda??o natural ? colocada ? prova. "Esta obra representa um marco na minha carreira no sentido de que ? muito diversa, em algumas partes, do que eu j? escrevi antes".

Dever cumprido
O novo livro resume os 10 ?ltimos anos de produ??o do escritor. A Soleira e o S?culo ? composta por seis t?tulos, boa parte deles escritos entre os anos de 94 e 97. O tempo que os textos "decantam" na gaveta antes de serem publicados parece ser uma estrat?gia do poeta. T?cnica que ele aprimorou da experi?ncia da publica??o das outras 13 obras.
Iacyr concentra no livro toda a experi?ncia desses 10 anos de trabalho. "Pela primeira vez, eu publico um livro com o sentimento de dever cumprido, com a sensa??o de que ele representa o melhor do meu trabalho". Satisfeito com o resultado, o poeta revela que n?o gostaria de publicar um novo livro de poemas nos pr?ximos cinco anos.

Novos desafios
"Hoje eu quero escrever algo que me seja revelador. Eu n?o quero ficar repetindo f?rmulas. A literatura para mim nunca foi um jogo maneirista". Motivado ?s mudan?as, Iacyr revela o desejo de buscar outros horizontes. A prosa seria uma op??o, apesar de o poeta n?o considerar a faceta relevante na pr?pria obra. "Eu tenho um livro de contos in?ditos que venho escrevendo h? um tempo, sem a menor pressa de publicar. Eu me sinto sempre motivado a mudar. Eu quero aprender outras coisas. Depois dos contos, quem sabe um dia eu n?o publico um romance?" - brinca.

Por enquanto, a dedica??o do poeta vai se concentrar em abrir espa?os de divulga??o para o livro. A Soleira e o S?culo ser? lan?ado no dia 26 de novembro de 2002, em Juiz de Fora, a partir das 19h no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (Avenida Get?lio Vargas, 200). A obra tem apoio da Lei Murilo Mendes de Incentivo ? Cultura, um dos grandes instrumentos de est?mulo cultural do pa?s, segundo o poeta. O calend?rio de lan?amentos para este ano ainda inclui Belo Horizonte (05/12) e Rio de Janeiro (07/12). Em 2003, o livro a A Soleira e o S?culo ser? lan?ado ainda nas cidades de S?o Paulo, Bahia, no estado do Esp?rito Santo e no interior mineiro.

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