Reflexões sobre ser inteira...  

Ana Pernisa Ana Pernisa 12/11/2018

Ser inteira?
Sim! Inteira.
Muitas vezes, vamos tocando a vida de uma forma insatisfeita e nem damos conta de que estamos andando pelas metades!

É comum ouvir essas frases: "Você precisa ser inteira! Antes de ser um bom par, você  deve ser um bom ímpar! "

Os livros de auto ajuda estão recheados de textos que mostram a importância de ser você mesma; os cursos de aprimoramento dizem que tudo começa com você, mas, e daí? Como podemos buscar esse estado? O Facebook e o Instagram estão cheios de mensagens que funcionam como flashes. Estas  podem passar batidos ou causarem algum impacto que leve a uma reflexão. No entanto, é preciso mais que flashes. É preciso  reconectar-se através da auto escuta . A terapia é uma facilitadora dessa escuta.

Ser inteira. Como é isso?  

Eu me deparo, no consultório, com falas sobre estas questões : "Sinto um vazio, não sei o que é isso..." Mas, o que fazer quando nos deparamos com tal sensação?  Esse vazio geralmente surge quando  não sabemos mais quais são nossos  desejos e o que buscamos . É quando nos vemos perdidos e pouco sabendo de nós. Estamos sem motivação!  

Quando esta situação é constatada, vem a pergunta: e agora?  Como faço para mudar isso e  me sentir melhor? Nesse momento,  digo que é preciso pausar, respirar, olhar ao redor, aquietar-se... E aí, geralmente sou questionada: "Parar e ficar sem fazer nada? Parar e pronto? Já parei e... nada.

Como é isso?" É...

Eu sei... Eu sei!  Não é fácil entender como isso processa. Pois é um processo! Não há uma receita pronta. Só há uma pista: se permitir e aceitar que esta questão passa por um caminho que precisa ser percorrido de volta para o interno.  E essa vivência é diferente de um para o outro. Ela é individual.  Tem haver com conexão, recolhimento, reconhecimento de si, achar o seu próprio fio da meada.  Esse fio pode vir de  um hobby, uma forma de buscar se  expressar...  Para isso as pausas se fazem fundamentais.

E sabe de uma coisa?   Pausar, às vezes, requer treino. Respirar com calma. Treinar e observar sua voz interna numa escuta diária de si mesmo. Retirar-se. Diminuir a velocidade. Ficar quieta. Fechar alguns momentos para balanço a fim de poder voltar sua  atenção para as suas  sensações e suas  percepções  sobre as coisas  que fazem parte do seu cotidiano. Lembrando que tudo isso  envolve sua disponibilidade em desacelerar, inclusive, diminuir o tempo que gasta mergulhando  nas tecnologias que trazem uma falsa sensação de conexão. É preciso compreender que  envolvido em atividade  o tempo todo, é impossível reconectar-nos com nossa essência! Como buscar a serenidade sem acessar a certeza interna que brota dentro de você de bem estar?  É impossível, sem adentrarmos em nosso labirinto pessoal!

Para trabalhar esta sensação de vazio  há de se buscar o que lhe traz  inteireza, sensação de plenitude. É ir ao encontro da coerência do que sente e é. E isso pode  envolver mudanças... Umas simples, outras mais complexas.  Abdicar de coisas, soltar outras. Remexer em gavetas abandonadas, olhar os incômodos  que jogamos para debaixo do tapete...

A dica para esse momento é se lembrar  de ter  como base o que  você sente sobre o assunto, o que experimentou até aqui, o que aprendeu e o que precisa aperfeiçoar  dentro de suas vivências e suas impressões internas a respeito.  Se trata de  um convite a  uma observação profunda e verdadeira, para  constatar se o que busca viver está em perfeita  sintonia com o seu desejo  e, ter a coragem de dar um passo para se transformar, ao  reconhecer que só você pode agir para que isso ocorra. Sabe por quê? Porque nesse processo,  compete apenas a você, só você, buscar  o que traz  tranquilidade  por ser essa   a verdade que habita no seu interior.

Como?

O segredo é estar atento no seu sentir. 

Primeiro, sentir em você se algo vibra ou não. Se tem razão de ser ou não, se está dentro do que anseia ou não. Isso é sincronizar realidade com o que deseja. 

Observar o que preenche você e o que desgasta. Criar pequenos oásis pelo caminho.  É na coerência dessa auto percepção que se constrói possibilidades de bem estar

Esse processo também tem haver com desenvolver potenciais, lapidar crenças, estar atenta a sua forma  de pensar, se aprimorar na  busca desta  direção, buscar a simplicidade. A auto observação lhe informará por quais correntezas está navegando.   Não é qualquer correnteza que nos convém! É preciso encontrar a correnteza certa.   É preciso entender que não é possível ir ao sul se está com a bússola apontada para o oeste. É preciso se perguntar: Que direção a final você vai tomar? Sua conduta de vida tem haver com o que busca? Sua  observação interna e sua realidade externa se confundem?

Andar por essa auto estrada é mais do que  simplesmente vestir uma roupa ilusória e  fingir. É muito mais do que uma vontade que dá e passa.   Para que isso ocorra, há de se buscar um sentido, um contexto interno. E esse movimento  é algo  a ser trabalhado, vivenciado, percebido, lapidado constantemente  e envolve compromisso, elaboração de caminhos e as vezes, novas escolhas, disciplina e compromisso com a  verdade. A sua verdade. Não há outra  receita. Se trata de um mergulho em si para, em  si, brotar o Ser.

O ser inteira envolve  uma construção coerente com aquilo que você verdadeiramente quer!  Ela brota do seu mais íntimo e dá força a seus passos para essa busca até que  você vai percebendo que você está Flow! Fluindo!

Sim! Um belo dia, começa a surgir um calor que passa a aquecer,  como um  grande "insigth". Pronto!  Está acontecendo!

Nesse momento, o convite é entrar nessa  correnteza que lhe possibilita  deixar  a vida  fluir  com o  que lhe faz sentir bem. Assim  cada passo, estará possibilitando cada vez mais você criar confiança em seu novo trajeto!

Depois dessas reflexões que também vivencio, o  que sei efetivamente sobre isso é que,  de tanto buscar, se perguntar e observar,  em um dado momento... você se dá conta que a vida começa  a caminhar com mais leveza, VOCÊ SE SENTE INTEIRA!

Um beijo carinhoso.

Ótimo dia!

Agradeço o carinho da Professora Adriana Machado de Souza (Valença) na revisão deste texto. L

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