Terça-feira, dia 26 de fevereiro de 2008, atualizada às 17h30
Exame que detecta distúrbio do sono em motoristas pode demorar cerca de três anos para ser marcado pelo SUS
Repórter
A polissonografia é o exame pelo qual os motoristas que apresentarem indícios de distúrbios do sono vão precisar passar para renovar a carteira de habilitação. Segundo o diretor de assuntos institucionais da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Fábio Rach, a polissonografia é realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o tempo para conseguir marcá-lo é de cerca de três anos. Na rede particular, o valor varia entre R$ 800 e R$ 1 mil.
"Isso, porque estamos em uma época em que não existe a obrigatoriedade"
, comenta
ele. De acordo com a nova resolução do
Conselho Nacional de Trânsito (Contran), todos os motoristas
que forem renovar a carteira de habilitação, das categorias C (caminhão), D (ônibus) e E (carreta), devem passar
por um exame para detectar indícios de distúrbios do sono.
Quando os indícios são detectados, o paciente é encaminhado a um especialista para
fazer a polissonografia. "Se for diagnosticado, o médico vai indicar uma série de
medidas para melhorar o quadro, como emagrecimento e o uso de um aparelho que impede a apnéia,
quando a pessoa passa um tempo sem respirar e depois puxa um ronco forte"
, explica o médico.
Este aparelho, que recupera o sono tranqüilo, não é disponibilizado gratuitamente
e custa entre R$ 800 e R$ 1.500.
Detectados os indícios, o médico dá um prazo de seis meses para que o paciente
faça a polissonografia. Se ele não conseguir fazer e não houver uma melhora do quadro, apenas
seguindo as orientações, o médico dá mais seis meses e, sem melhora, encaminha ao INSS como incapaz
para o trabalho. Fábio concorda que o número de profissionais
que vão se aposentar por incapacidade vai ser grande. "Os médicos vão ser muito criteriosos e
vão encaminhar os que estão em situação extrema, enquanto os outros vão ser tratados"
, explica.
Para ele, a medida é positiva, apesar das dificuldades. "A medicina renova conceitos a cada dois anos
e a resolução antiga contemplava parâmetros obsoletos"
, diz. O sono é a terceira causa
de acidentes, no Brasil, ficando atrás da alta velocidade e do uso de bebida alcoólica.
A Abramet solicitou ao Denatran um prazo de 60 dias para treinar os profissionais com os novos procedimentos, entre eles, médicos e psicólogos. A associação ainda aguarda resposta do Conselho.
Detecção
Para detectar distúrbios do sono, exames como o de hipertensão arterial sistêmica, a medição da circunferência do pescoço e do Índice de Massa Corpórea (IMC) vão ser realizados juntamente com exames de aptidão física e mental. O motorista vai responder um questionário e as respostas são medidas de acordo com a Escala de Sonolência de Epworth.
Segundo Fábio, os motoristas são submetidos a jornadas de trabalho muito longas e, para render mais,
acabam não dormindo. Eles fazem o uso de anfetaminas para se manterem acordados, o que
provoca efeitos colaterais, como problemas cardíacos, renais e derrames"
, diz.
"O sono impede que o motorista fique alerta e mantenha os reflexos em dia. O sono vem
rapidamente e causa os acidentes"
,completa.