Preparativos para o Carnaval geram empregos temporáriosParte das agremiações de JF chega a contratar, em média, 60 profissionais liberais. Os gastos totais, por escola, com essas contratações podem chegar a R$ 70 mil

Aline Furtado
Repórter
31/1/2012
Carnaval 2010

Quem pensa que Carnaval começa apenas no mês de fevereiro ou março, está enganado. Muita gente começa a viver de Carnaval ainda nos meses de junho e julho. São carnavalescos, artesãos, costureiras, soldadores e vários outros trabalhadores autônomos, que prestam serviços a escolas de samba.

Grande parte das agremiações de Juiz de Fora chega a contratar, em média, 60 profissionais liberais para a execução de tarefas que vão desde a criação das fantasias até aquelas que são desempenhadas no momento do desfile da escola de samba, como empurrar os carros alegóricos, por exemplo.

Os gastos totais com as contratações, por agremiação, podem chegar a R$ 70 mil. É o caso da Escola de Samba Unidos do Ladeira, que contrata cerca de 60 pessoas, entre costureiras, soldadores, alegoristas, ajudantes de barracão, além de empurradores de carros e seguranças para o dia do desfile. "As contratações têm início no mês de setembro, seguindo até o Carnaval. Os valores são pagos com recursos da própria escola", destaca o presidente da Unidos do Ladeira, Marcus Valério Américo Mendes. Ele conta que determinados profissionais chegam a receber R$ 1 mil por semana.

O alto valor da mão de obra é explicado pela presidente da Escola de Samba Partido Alto, Regina Rabelo. "Infelizmente temos poucos profissionais ligados ao Carnaval aqui em Juiz de Fora. Isso faz com que o trabalho fique mais valorizado e, consequentemente, pagamos mais pela mão de obra." Com isso, o gasto dos profissionais acaba engessando a verba das agremiações.

"Nós, como integrantes do grupo A, recebemos cerca de R$ 60 mil da verba de subvenção destinada pela Funalfa à Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora [Liesjuf]. Precisamos definir o que, deste total, será destinado ao pagamento dos autônomos, para que o restante seja empregado na compra de materiais." Este ano, a escola de Regina deverá gastar, aproximadamente, R$ 30 mil com os temporários. "As contratações tiveram início em junho, quando foi definido o carnavalesco responsável pelo desfile. Porém, a maior parte das contratações são iniciadas a partir do mês de novembro, que é quando começa o repasse da verba."

A Partido Alto deverá contratar, até as vésperas do Carnaval, 60 pessoas, entre carnavalesco, artesão, costureiras, mestre-sala e porta-bandeira, coreógrafo e dançarinos, empurradores de carros alegóricos, entre outros. "Além da verba repassada pela Funalfa, arrecadamos dinheiro com a realização de ações beneficentes, o que ajuda a cobrir gastos com transporte e alimentação da bateria."

Fevereiro é quando ocorre o boom

A Escola de Samba Mocidade Independente do Progresso tem previsão de gastos de R$ 30 mil com os temporários. Segundo a presidente da agremiação, Leila Carla Petrato, as contratações começam, geralmente, no mês de setembro. "Precisamos de mão de obra diversificada e a tendência é que o número de contratados vá crescendo com o passar do tempo. Em fevereiro ocorre o boom, podendo atingir a marca de 50 profissionais. Com a realização e a intensificação dos ensaios, por exemplo, precisamos de profissionais de limpeza, caixa e cantina."

Ela conta que o dinheiro arrecadado ao longo dos ensaios acaba sendo somado à verba de subvenção para que os pagamentos sejam efetuados. "Como a verba é repassada em parcelas, acabamos pagando uma parte aos contratados e fazendo o sistema de carta de crédito, já que nem sempre temos o dinheiro em mãos."

Quem também administra com verba adquirida por meio de rifas e outras ações é o presidente da Escola de Samba Feliz Lembrança, Jair de Castro Filho. "A verba de subvenção não dá nem para o começo. Por isso, atividades beneficentes são importantes." A agremiação deverá gastar cerca de R$ 25 mil com a contratação de 70 profissionais. "Os primeiros contratados, no mês de junho, foram os integrantes da equipe responsável pela confecção das fantasias."

Verba de subvenção

A verba de subvenção é destinada às escolas de samba por meio da Liesjuf. Para o Carnaval 2012, foram repassados R$ 622 mil, cabendo à Liga a divisão para cada agremiação. "Este ano, as escolas do Grupo A receberam aproximadamente R$ 56 mil; as do Grupo B, R$ 44 mil; e a escola do Grupo C, R$ 22 mil. Além disso, a agremiação campeã e a vice recebem um incremento", explica o 1º vice-presidente da Liesjuf, Paulo Mancini.

Ele lembra que do total da verba que é repassada, entre R$ 12 mil e R$ 20 mil são destinados aos jurados do desfile, que vêm do Rio de Janeiro. "Uma tentativa, este ano, é que a verba arrecadada com o aluguel do espaço para ambulantes seja destinada à Liga, para, posteriormente, ser revertida em benefício para as escolas, a exemplo do que foi feito após a realização da festa em que foram eleitos o Rei Momo e a Rainha do Carnaval."

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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