Quarta-feira, 10 de maio de 2017, atualizada às 16h27

Gastronomia baiana desembarca em Juiz de Fora

Angeliza Lopes
Repórter

Acarajé, abará, bolinho de estudante, vatapá, cocada de amendoim e baiana. Rica em sabores e tradição, a gastronomia baiana desembarcou em Juiz de Fora. O tabuleiro da Elizabeth Magalhães do Rosário, mais conhecida em Salvador, Bahia, como Beth de Ondina, está bem posicionado na praça Jarbas de Lery, no bairro São Mateus, até o dia 14 de maio, das 15h às 22h. O cheiro chama a atenção de quem passa próximo ao cruzamento do 'Pelourinho', 'Lagoa do Abaeté' e 'Circuito Barra Ondina'. Já mergulhados na cultura baiana, muitos não resistem e param para comer os pratos típicos e ainda saem de lá com uma fitinha do Senhor do Bonfim.

De todo o cardápio, quem desperta olhares é o acarajé, bem tombado em 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio nacional. A especialidade gastronômica da culinária afro-brasileira é feita de massa de feijão-fradinho, cebola, sal e frita em azeite de dendê. Beth conta que ele pode ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá e caruru. “O bolinho que tem como base o feijão-fradinho é de origem africana. Ele é preparado pelas mulheres negras do mesmo jeito, até hoje, para a sustentabilidade da família. Como tempero, usamos muito camarão seco, amendoim, cebola, castanha, gengibre, cebola, alho e a pimenta, que não pode faltar”, conta a baiana.

Para garantir o mesmo sabor da Bahia, Elizabeth trouxe de ônibus o camarão seco, o azeite de dendê e o feijão, direto da Feira de Salvador. “Não conseguimos encontrar os ingredientes aqui, por isso trouxe tudo. A maioria das pessoas que vem comer, não conhecia o acarajé. Já tenho cliente que voltou todos os dias desde de que chegamos”.

Antes de chegar no tabuleiro todos os dias, o processo de preparo já exigiu uma manhã inteira de trabalho árduo e cansativo. “Todas as etapas são manuais e exigem tempo e dedicação. Tenho que mexer o vatapá desde o início, até levantar fervura. Se não tiver energia, Axé e um dendê no sangue, não vai! Parece fácil, bonito, mas depois de uma manhã batendo a massa, que nunca sobe, temos que atender bem o cliente, com sorriso no rosto”, afirma.

Há 20 anos com tabuleiro em Ondina, Beth diz que aprendeu a profissão bem cedo com suas tias. Mais que as receitas, a atividade também é passada de geração em geração. “A gente não aprende da noite para o dia. É um processo lento, diário, mas que gosto muito, me identifico. Minhas tias não trabalham mais, por causa da idade. Aí fiquei com outra prima. Ensinei minha sobrinha de 14 anos que já é baiana e assumiu um tabuleiro também”, narra.

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Outros quitutes baianos são o abará, irmão do acarajé, e o bolinho do estudante. “A massa do abará é a mesma do acarajé, mas em vez de frito, ele é cozido no vapor. Já o bolinho é tapioca feito com coco seco. Este nome veio da história que antigamente os estudantes não tinham dinheiro para comer o acarajé, por isso compravam o bolinho, que era mais barato. Ele tem um outro nome, que o povo fala, por causa da sua forma de preparo... (rs)”.

O idealizador do projeto Cristiano Winter diz que a ideia do 'Acarajé Soteropolitano' surgiu em sua casa. “Meus amigos me pediam encomendas e eu não consegui atender a demanda. Daí, pensei em convidar a Beth, que é uma amiga minha, para passar uma temporada em Juiz de Fora. Estamos aqui desde o dia 4 e fiquei surpreso com a aceitação do público”.

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