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Olhar crítico e capacidade criativa
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Sílvia Zoche
09/06/04

Mas, o jornalista e coordenador do curso de publicidade e propaganda da Faculdade Estácio de Sá, Antônio Carlos da Hora, acredita que se fosse por isso todos seríamos publicitários. "O ser humano, por essência, é criativo. É necessário uma criatividade específica. O que é isso? Ter facilidade na hora de mexer com imagens, fazer um texto, ter a facilidade de comunicar-se com diferentes públicos e não necessariamente gostar, mas ter intimidade com os números", diz Antônio Carlos. Ele enfatiza também a necessidade do aluno ter um profundo conhecimento de questões humanísticas e sociais.
Para o dono e diretor de planejamento e estratégia da Agência de Publicidade, Signa Comunicação, Armando Ziller, é importante canalizar a criatividade para o objetivo relacionado ao cliente. Ele ressalta também que é preciso entender de tudo. Ler bastante, tanto informações diárias (chamadas de informações de oportunidade) e as informações privilegiadas, "desde a revista Ti-ti-ti à Galileu. Ver filmes de todos os gêneros, desenho animado, ouvir músicas de todos os estilos. É importante não ter preconceito, ter a mente aberta para que as idéias possam fluir", completa.
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Negócios | ![]() |
O aluno do curso de publicidade e propaganda deve se preocupar com
disciplinas como mídia, produção gráfica, RTVC (rádio, TV e
cinema),
mas para Antônio Carlos da Hora
(foto ao lado) é
essencial que o estudante tenha um amplo
conhecimento de mercado, através do marketing.
Por isso, ele define o publicitário como homens e mulheres de negócio. O contato com os clientes, o entendimento do produto e do público-alvo do cliente dependem de uma boa negociação. Isto exige muito mais do que criatividade e comunicação. É necessário estudo de mercado e a busca por informações que sejam importantes durante o atendimento ao cliente.
Para o futuro, Antônio Carlos pensa ser possível fundir os cursos de jornalismo, publicidade e relações públicas. Dessa forma, os estudantes de comunicação teríam uma visão geral de todas as áreas e o recém-formado se especializaria em determinada área da comunicação. "Formei como jornalista e fui trabalhar com assessoria de comunicação. Muitas vezes, preparei folders, cartazes de eventos, os eventos em si. Isto envolve publicidade e relações públicas também", argumenta.
A perspectiva profissional, em Juiz de Fora, é excelente na opinião de
Antônio Carlos.
"A profissão de publicitário na região tem um espaço para se
desenvolver que é imenso. É só pensar nas empresas da cidade que não
investiam em
publicidade e agora investem", conclui.
Armando Ziller (foto abaixo) fez faculdade de Administração de Empresas, porque algum dia teria que comandar a empresa de publicidade do pai - atualmente, tem uma empresa própria. Para se aperfeiçoar na área publicitária, especializou-se em Marketing.
"Entender o marketing é importante para suprir a deficiência do cliente que sabe pouco de publicidade. Então, é preciso conhecer sobre a distribuição, embalagens, vendas dos produtos. A gente acaba fazendo uma consultoria antes da publicidade", diz Ziller.
Para ele, o romantismo da publicidade na prática não existe e sim o pragmatismo de criar uma campanha publicitária em dois dias. "É muito fácil criar sem limites. Mas a realidade é outra", diz.
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Incentivo | ![]() |
Se publicidade é um negócio, é preciso estimular o seus crescimentos. Para Antônio Carlos, o Clube de Criação de Juiz de Fora (CCJF) é uma forma de divulgação de fundamental importância. "Este ano, os alunos de algumas faculdades de publicidade orientaram o público na hora de votar em peças publicitárias, durante o 2º Prêmio do Clube", lembra. Para Armando Ziller, é importante também que o CCJF realize mais palestras, workshops para o público interessado.
Ter quatro faculdades com curso de publicidade e propaganda também é um avanço na opinião de Ziller. Mas ele pensa que as primeiras turmas de qualquer curso são sempre cobaias e com o tempo vão se aperfeiçoando. "Ainda bem que Juiz de Fora tem cursos para suprir a falta de mão-de-obra. A maioria de donos de agência é de ex-profissionais de veículos ou jornalistas. E as pessoas que sabem um pouco de computador acham que são designers", diz.
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Calcular é preciso | ![]() |
Mas publicidade também envolve cálculos. Logo nos primeiros períodos, o aluno se depara com estatística. Depois ainda têm matérias como mídia, que indica os melhores meios, como outdoor, televisão, rádio, cinema, revista, jornal, empena... para veicular as mensagens publicitárias. Ou seja, além do público-alvo, o profissional tem que conciliar o capital do cliente com mídias que tenham um resultado eficaz.
Quer mais cálculos? Tem a produção gráfica em que o profissional deve escolher entre várias outras coisas, os tamanhos, tipos, cores do papel e quantidade. E Ziller dá um exemplo: "Às vezes, um centímentro a menos no papel, vai gerar uma grande economia para o cliente".
Como atualmente, os computadores fazem a maioria dos cálculos, o trabalho fica mais fácil. Mas se faltar luz... é recorrer ao lápis, régua especial, papel e borracha e sair fazendo cálculos em paicas (unidade que equivale a 4,218 mm). "A velha forma de propaganda", diz Ziller. Ufa! Para quem gosta, é um prato cheio.
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