Planejamento é importante na hora de mudar de ramo de trabalhoInsatisfação deve ser pensada antes de mudar de profissão. A avaliação deve levar em conta problemas com a chefia, ambiente profissional e mercado de trabalho

Victor Machado
*Colaboração
4/5/2011
profissao

Profissionais insatisfeitos, pessoas que sonham em seguir um hobby como profissão. Esses são alguns exemplos de quem se arrisca a mudar de rumo, em busca do emprego desejado ou do próprio negócio. No entanto, essa mudança nem sempre é fácil e, segundo a psicóloga e coach-executiva, Elizabeth Soares, é preciso planejamento e avaliação.

Atualmente proprietário de uma empresa corretora de investimentos na bolsa de valores, Henrique Castanon deixou o emprego de analistas de sistemas e suporte de informática para realizar o sonho de ter o próprio negócio e trabalhar com o hobby. "Eu tinha formação acadêmica e gostava de trabalhar na área, mas sentia que o meu futuro não era nessa profissão. Desde novo gostava de mexer com investimentos e tinha o sonho de abrir meu próprio negócio."

Castanon explica que após uma conversa com o atual sócio, os dois perceberam que era possível juntar o gosto pelos investimentos e abrir um escritório. Mas ele afirma que a transição de um emprego para o outro não foi realizada no impulso e precisou ser bastante planejada. "Ficamos quase um ano estudando todas as possibilidades. O que a gente ia perder, o que ia ganhar, o risco entre outras coisas. Eu tinha acabado de me casar e de sair da casa dos meus pais, portanto, estava assumindo novos compromissos financeiros que pesavam para a decisão."

O agente de investimentos afirma que deixou a antiga profissão apenas quando já estava com todas as garantias de que o negócio sairia e diz que não se arrepende da mudança. "Mudei sabendo tudo. Tinha uma reserva de dinheiro e acredito que o negócio até superou as minhas expectativas. Com planejamento, é possível fazer boas mudanças, sem se arriscar de mais. Mas no início é sempre difícil."

E o planejamento é a palavra-chave para quem deseja mudar de profissão. De acordo com Elizabeth, primeiramente, a pessoa deve avaliar se a insatisfação é com o trabalho em si ou com a situação interna na empresa. "Deve-se pensar se a desmotivação é relativa a problemas com a chefia e com o ambiente institucional ou falta de oportunidades no mercado." 

A mudança

Em caso de problemas internos, a psicóloga afirma que é importante tentar solucionar com os chefes, antes de pensar em mudanças, e avaliar possibilidades de investir em conhecimento para alterar o quadro. Nos casos em que a insatisfação está relacionada ao mercado, Elizabeth comenta que é importante controlar a ansiedade de mudança e planejar uma saída. "Quando é preciso sair, a pessoa deve avaliar oportunidades, na atual e na futura profissão, saber o que será preciso investir em conhecimento para que essa mudança seja feita e não se deixar levar pelo emocional." 

A psicóloga explica que avaliar o que o atual trabalho trouxe de benefícios, o que pode ser perdido com a nova profissão, o que exatamente está procurando e se informar sobre os novos desafios são passos importantes para uma transição, que nem sempre é fácil. "É importante perceber que essa transição pode não dar certo, pode ser difícil no início. Então, saber todos os riscos e se informar é o mais importante. Dessa forma é possível passar por dificuldades encontradas no início."

Novos desafios

Elizabeth explica que, quanto mais consciente for uma mudança, menor a possibilidade dos novos desafios darem errado. Ela complementa, dizendo que determinação e motivação são importantes no início de novas profissões. "Percebo que muitas pessoas acreditam que vão trocar e tudo já vai melhorar, mas não é assim. Por isso, é importante ser determinado. Não existe garantia de sucesso em nenhum novo desafio."

Sucesso profissional

A coach-executiva afirma que o profissional precisa ser responsável pelo seu próprio plano de carreira. "No passado, as empresas faziam isso. Vejo em profissionais mais antigos que eles ficam esperando uma ação da empresa. Hoje em dia, é preciso ter a noção, saber as necessidades profissionais, a hora certa de ser promovido."

Ser responsável pelo próprio plano de carreira significa buscar capacitação, detectar necessidades de busca de conhecimento, ficar atento ao mercado e ao que a empresa exige do profissional, assumir uma postura dentro da instituição e participar dos projetos e tarefas. Segundo Elizabeth, essas atitudes demonstram ao empregador que o profissional faz parte do dia a dia da empresa.

*Victor Machado é estudante do 7º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken