Os Impacientes
A banda ? formada por pacientes da Casa Viva
Eles mostram que o preconceito n?o barra o talento
Rep?rter
19/04/2004
Em arquivo
A banda Os Impacientes existe h? mais de cinco anos e acaba de receber o incentivo da Lei Murilo Mendes, para gravar o primeiro CD. Ser?o cerca de dez m?sicas pr?prias com tem?ticas diversas. A grava??o ter? in?cio assim que a verba for liberada e o lan?amento est? previsto para novembro de 2004.
A banda ? composta por Pedro Paulo (guitarra, vocal e composi??o), Luis Carlos da Silva (percuss?o e composi??o), Luis Henrique de Oliveira (baixo), S?rgio Augusto (bateria), Anderson Vieira (guitarra, vocal e composi??o) e Monier (vocal).
Tempero especial
Toda banda de sucesso tem um tempero especial, uma peculiaridade. Os Impacientes n?o s?o diferentes. Ou melhor, eles deixam de ser simples pacientes para reencontrarem o mundo atrav?s da banda. O grupo ? uma das oficinas do Capes Casa Viva. E mais do que pura terapia ocupacional, busca a ressocializa??o dos portadores de transtornos mentais.
O CD
Todos os integrantes est?o satisfeitos com o novo trabalho. "? uma
oportunidade de divulgar nossa m?sica"
, diz Luis Carlos. "? muito legal, ?
a coisa mais importante da minha vida, me ajuda muito no meu trabalho"
,
completa Pedro Paulo. "? um sonho realizado"
, conclui Luis
Henrique. "Um
sonho realizado e inacabado, j? que o CD vai continuar"
, completa Pedro
Paulo referindo-se a imortalidade que o CD trar? para a banda e suas
m?sicas.
A m?sica
Pedro Paulo conta que a m?sica faz parte da sua hist?ria. Ele come?ou a
tocar viol?o aos 12 anos e chegou a se apresentar em v?rios estados
brasileiros. "Onde eu tocava, tinha uma rodinha de gente que parava para ouvir"
, conta o compositor que participou tamb?m da banda Conjunto
Vazio em
Belo Horizonte.
J? Luis Carlos come?ou a tocar na banda. "Antes eu s? tocava lata na
escola"
, brinca.
S?rgio diz estar muito feliz em participar dessa banda. "A m?sica representa alegria, paz, ensinamentos"
, lembra o baterista.
Prefer?ncias
A banda ? bem ecl?tica nas prefer?ncias. O vocalista Monier adora Legi?o Urbana, enquanto Luis Henrique prefere Zez? de Camargo e Luciano, Tim Maia, Fagner e Rita Lee (ali?s, os colegas o chamam de a ovelha negra por conta disso).
Composi?es
Al?m da interpreta??o de cl?ssicos do rock ao sertanejo, o ponto forte da banda ? a cria??o de m?sicas e letras pr?prias. Luis Carlos, por exemplo, costuma compor em Benfica (como faz quest?o de frisar) sobre temas como a "guerra entre palestinos e israelenses", "o cara que n?o tem nada e quer tudo", "os doid?es do mundo", "um cara que n?o tem dinheiro para comprar guitarra", "um passeio pela calada da madrugada e uma porca guitarrista".
J? o rockeiro Pedro Paulo gosta de falar do amor e do respeito que o povo
deve ter com as pessoas nas ruas, escolas e pra?as. "A m?sica bonita tem que
ter a?car, tem que ser doce"
, avalia.
P?blico
A recep??o do p?blico tem sido bastante positiva. "Onde a gente foi o
pessoal gostou"
, conta Luis Carlos. "Tanto o p?blico quanto a banda
adquiriram felicidade quando a gente tocou. Foi muito legal ver todo mundo
cantando a m?sica depois. Me senti um rei. Um rei do rock"
, vibra Pedro.
Os produtores
? nesse sentido que o trabalho de Amilton de Azevedo Moraes, psic?logo e m?sico e Cl?udia Mara Richard (foto abaixo), psicanalista e psic?loga do Capes Casa Viva busca uma intera??o dos integrantes da banda com a sociedade.
"A m?sica tem um efeito terap?utico fant?stico e ainda trabalha a mem?ria, a
coordena??o motora, a desinibi??o e a ressocializa??o"
, dimensiona Amilton. O psic?logo conta que se por um lado tem que lidar com a inconst?ncia do
quadro patol?gico e dos efeitos colaterais de alguns medicamentos nos
integrantes da banda, por outro, a m?sica "d? uma centrada" na pessoa. "Eles se localizam enquanto grupo, fazem algo em comum"
.
"S? com as respostas deles a essa entrevista, a gente que acompanha eles h?
algum tempo, fica emocionada de ver o avan?o.
A oficina terap?utica abre a porta das possibilidades. A medida que voc?
oferece essa possibilidade, eles resgatam a pr?pria hist?ria. Eles se
colocam no mundo atrav?s dessa experi?ncia"
, analisa a psic?loga.
Cl?udia
Richard explica que a banda trouxe para os integrantes uma refer?ncia
poss?vel em meio a fragmenta??o do transtorno mental. Ela propicia a
interlocu??o s?cio-cultural. "Eles se exp?em publicamente e recebem um
retorno de qualidade. S?o cidad?os"
, completa.
A parceria com Amilton Moraes, que tamb?m ? m?sico, lembra Cl?udia, permitiu
um trabalho com um rigor est?tico muito grande. "A m?sica da banda ? muito
sonora, de qualidade. Se eu n?o acreditasse no trabalho, n?o estava aqui"
,
diz o m?sico.
O CD ?, tamb?m para eles, a concretiza??o de um trabalho. "Antes tinha
arte, mas n?o tinham recursos. N?s n?o sair?amos daqui antes de fazer esse
CD"
, contam.
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